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Vai fazer compras na Black Friday? Esteja atento às burlas

Gabriela Ângelo 22 de novembro de 2025 às 08:03

Especialistas explicam à SÁBADO que esta altura representa uma mina de ouro para os burlões e deixam conselhos para que não fique lesado esta época festiva.

A Black Friday inaugura o início das compras para a época festiva para muita gente e o dia do ano em que as marcas oferecem descontos irresistíveis. Contudo, é nas compras online que os burlões aproveitam para lançar o isco, e o consumidor que o apanha acaba quase sempre por sair lesado. 
Black Friday: descontos até 20% em artigos selecionados AP
À SÁBADO Ana Sofia Ferreira, coordenadora do departamento jurídico económico da DECO, explica que mesmo durante as situações de burla comum que decorrem ao longo do ano, é importante que o consumidor verifique “se o site onde vai comprar tem um aspeto fidedigno, se tem ligação ao livro de reclamações, se é um site com termos e condições e se tem meios de pagamento considerados seguros” com a imagem do cadeado. Também se deve ter atenção a se o site só recebe transferência ou pagamentos através de MB Way. Nesta altura de promoções o consumidor pode encontrar sites que desconhece “com preços muito bons que numa situação normal podia desconfiar mas numa altura de campanhas” como a Black Friday até pode achar fidedigno. No entanto, pode tratar-se de um site fictício “criado durante esta altura de campanha transversal” e acabam por “não vender produto nenhum”, ou seja o consumidor faz a transferência mas não recebe a encomenda. O diretor da área de cibersegurança da Stratesys, Javier Castro, partilha também com a SÁBADO que esta altura é uma “mina de ouro para os cibercriminosos” que usam “a agitação em torno das promoções e dos descontos para enganar vítimas, sabendo que os consumidores com pressa tendem a clicar em ligações perigosas ou a partilhar dados pessoais para garantir a ‘melhor oferta’.  Assim sendo, o especialista aconselha a “adotar uma postura de desconfiança por defeito e seguir boas práticas” como verificar a fonte das lojas online, confirmar a segurança do site, sendo que “o cadeado de segurança e o prefiro ‘https’ são indicadores de ligação cifrada”, verificar opiniões e a reputação da loja e evitar redes wi-fi públicas uma vez que “não é aconselhável realizar comprar ou introduzir dados sensíveis numa rede pública” por serem inseguras e facilitadoras “interceção de dados”.  Nas redes sociais, Ana Sofia Ferreira acrescenta que podem surgir anúncios a mostrar “informação sobre artigos espetaculares a preços bons” que acabam por ser burlas e que “antes de efetuar o pagamento, o consumidor deve verificar se é uma empresa que existe, se tem contactos e meios de pagamento com cartões virtuais”. Já Javier Castro partilha que “as fraudes nos pagamentos eletrónicos são o objetivo final da maioria das burlas de Black Friday”, sendo que os consumidores deverão estar atentos a “passarelas de pagamento falsas” ou seja “formulários de pagamento semelhantes aos reais mas que enviam os dados diretamente para os criminosos”, skimming digital, “um código malicioso injetado em sites legítimos, mas vulneráveis, que captam em tempo real os dados do cartão introduzidos pelo utilizador” e a phishing durante o pagamento.  Outra dica que a especialista da DECO oferece é que as “empresas normalmente não pedem atualização de dados” e se receber uma mensagem com este pedido e um link é de evitar. Estes links vêm com um perigo acrescido, ao descarregá-lo estará a “infetar” o seu dispositivo e “os dados que vai colocar vão ser copiados”. Por exemplo, se entrar no seu homebanking os dados que inserir poderão estar a ser copiados. 

Medidas que as empresas devem adotar se sofrerem de brand spoofing

Apesar dos consumidores serem o alvo principal destas burlas, as empresas também acabam por ficar afetadas uma vez que os burlões se fazem passar por elas. Desta forma é importante que as marcas desenvolvam mecanismos para alertar os clientes destes perigos. A especialista da DECO aconselha as marcas a colocar no seu site uma informação a mencionar a circulação das mensagens ou emails de burla e que “não correspondem à verdade”. As newsletter também podem ser uma forma eficaz de informar os clientes de possíveis burlas.  Para as marcas que sofrem do que o especialista chama de “brand spoofing”, Javier Castro aconselha ainda que devem considerar adotar uma autenticação de email que “permite definir que servidores podem enviar emails em nome da empresa e bloquear mensagens fraudulentas” e uma monitorização ativa e domain takeover, que se baseia na utilização de ferramentas “para detetar domínios fraudulentos e uso indevido do logótipo”.  O que fazer quando se apercebe que caiu numa burla Segundo a especialista da DECO, depois de se aperceber que caiu numa burla deve, antes de mais, “apresentar queixa na polícia”. Este passo é importante para “as autoridades terem conhecimento para poderem prosseguir investigações” a redes de burlões que já existem ou que podem vir a ser descobertos.  Apesar da queixa crime “em termos práticos para o consumidor poder não dar em nada", é importante apresentar junto da instituição bancária para acionar eventuais seguros que o consumidor terá em lugar para a sua conta bancária, de forma a tentar “reaver o pagamento junto do banco que pede a apresentação de queixa”.“Para qualquer outro passo que possa dar será obrigatório a apresentação de queixa”, afirma a especialista. Contudo a dificuldade de reaver o dinheiro perdido depende do método de pagamento escolhido, nomeadamente se for uma transferência bancária. Uma vez que não se trata de uma “situação em que se possa imputar a responsabilidade à instituição bancária”, sendo um pagamento voluntário, “para o banco conseguir reverter [o pagamento] tem de ser revertida também na conta de destino” o que nem sempre é fácil. Para além disso, o especialista da Stratesys considera fundamental recolher provas, “guardar emails, capturas de ecrã, conversas e comprovativos de pagamentos” e alterar as palavras-passe que tenha inserido “num site fraudulento” e que a tenha usado para outros serviços. Javier Castro acrescenta também que “cartões de crédito e plataformas como a Paypal oferecem proteção”, já as transferências ou criptomoedas ”tornam a recuperação quase impossível”. 
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