Sábado – Pense por si

Prémios Pfizer distinguem medicina personalizada contra cancro e regulação metabólica

Foram atribuídos a dois cientistas da Fundação Champalimaud.

Os Prémios Pfizer 2025 distinguem dois trabalhos de cientistas da Fundação Champalimaud que "abrem novas perspetivas" na medicina personalizada contra o cancro e na regulação do metabolismo, anunciou esta sexta-feira a organização numa nota.

Investigadores da Fundação Champalimaud foram os galardoados com Prémios Pfizer 2025
Investigadores da Fundação Champalimaud foram os galardoados com Prémios Pfizer 2025 Vítor Matos

Na categoria de investigação clínica, o prémio foi atribuído a Rita Fior por um teste que recorre a modelos derivados do peixe-zebra para "prever com elevada precisão a resposta de doentes com cancro colorretal aos diferentes tratamentos disponíveis".

Na categoria de investigação básica, o prémio foi para Henrique Veiga-Fernandes, que descobriu que o sistema imunitário, além de combater infeções, intervém na regulação dos níveis de açúcar no sangue, abrindo caminho para novas terapias de doenças como o cancro, a diabetes e a obesidade.

Os Prémios Pfizer, no valor global de 60 mil euros, distinguem anualmente dois trabalhos científicos desenvolvidos em instituições portuguesas na área das ciências da saúde, um de investigação básica e outro de investigação clínica, e são atribuídos pela farmacêutica Pfizer, que financia, e pela Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, que indica o júri que avalia as candidaturas.

A bióloga Rita Fior desenvolveu um método em que "pequenas amostras de tecido tumoral" retiradas de cada doente "são implantadas em embriões transparentes de peixe-zebra", criando modelos que "reproduzem a evolução do tumor e a sua reação a diferentes terapias".

Num estudo clínico com 55 doentes com cancro colorretal, o método revelou uma taxa de precisão próxima dos 90%, "oferecendo aos oncologistas uma nova ferramenta de apoio à decisão médica e evitando terapias ineficazes ou com efeitos adversos desnecessários".

O trabalho do imunologista Henrique Veiga-Fernandes, que usou ratinhos como modelo, "demonstra pela primeira vez a existência de um circuito nervoso-imunitário-hormonal que regula a produção de energia e a manutenção dos níveis de glicose no sangue".

Em períodos de jejum ou de maior exigência energética, como a prática de exercício físico, um tipo de células imunitárias conhecidas por ILC2 (células linfoides inatas tipo 2) migra do intestino para o pâncreas, estimulando a libertação da hormona glucagon, que "sinaliza ao fígado para gerar glicose a partir de reservas internas, assegurando o fornecimento contínuo de energia às células do corpo".

Criados em 1956, os Prémios Pfizer são a mais antiga distinção científica em Portugal.