Quase todos (96%) os portugueses inquiridos numa campanha de sensibilização conhecem o problema ambiental causado pelos descartáveis de plástico, mas apenas metade mudou o seu comportamento, anunciou esta quarta-feira a Quercus, que divulgou a iniciativa europeia em Portugal.
A campanha "#40 dias sem plástico", que decorreu no período da Quaresma (assinalado por alguns grupos cristãos antes da Páscoa), promoveu em média mais de 7.800 reacções e de 3.500 partilhas e alcançou diariamente 17.800 pessoas, nomeadamente em redes sociais, segundo o balanço avançado à agência Lusa pela Quercus.
A iniciativa convidou os europeus a desistir dos produtos descartáveis, ao mesmo tempo que sensibilizou as populações para modos de vida mais amigos do ambiente, tentando reduzir a poluição do mar.
As conclusões do inquérito a uma amostra de 300 pessoas "permitiram demonstrar que, apesar de 95,9% dos participantes conhecerem o problema ambiental do uso de descartáveis e dos microplásticos, apenas 49,6% mudaram o comportamento adoptando melhores práticas no seu dia-a-dia", refere a associação de defesa do ambiente Quercus.
Naquele grupo de inquiridos, 22,6% não conhecem as alternativas ecológicas aos descartáveis, como os sacos de pano, escovas em bambu, garrafas reutilizáveis ou palhinhas em inox, a maioria tem dúvidas na identificação dos produtos que contêm microplásticos e 65% não sabem identificar os plásticos recicláveis.
"Foi ainda possível verificar que continuam a existir muitas dúvidas sobre que resíduos podem ser colocados no ecoponto amarelo" já que 78% dos inquiridos acreditam que podem colocar cápsulas de café e 22,5% acham que não podem colocar pacotes de leite.
Vários partidos apresentaram já propostas visando a proibição ou redução do uso de utensílios descartáreis nos restaurantes, diplomas que estão a ser analisados na Assembleia da República.
"A situação não é animadora", salienta a Quercus, já que o consumo de produtos descartáveis está a crescer e estudos recentes mostram que 259 milhões de copos de café, 10 mil milhões de beatas de cigarros, 40 milhões de embalagens de 'take-away', mil milhões de palhinhas de plástico e 721 milhões de garrafas descartáveis são consumidos em Portugal em cada ano.
Plásticos, como cotonetes, palhinhas ou sacos de plásticos descartáveis, vão parar aos oceanos e deterioram-se, dando origem a pequenas partículas que são ingeridas pelos animais e levam à sua morte.
Os microplásticos também são um ingrediente de muitos cosméticos e produtos de higiene pessoal, como exfoliantes para cabelo, corpo e rosto, pastas e cremes dentais, entrando na rede de esgotos, mas como são demasiado pequenos para serem completamente filtrados nos sistemas de tratamento vão para os rios e mares.
Estas partículas acabam por entrar na cadeia alimentar dos humanos, "podendo colocar a saúde em risco", alerta a Quercus.
A poluição do mar pelos plásticos é um problema global. Em 1990, a produção de plástico era metade da actual e daqui a alguns anos poderá existir no oceano mais plástico do que peixe, se nada for feito para evitar o elevado consumo deste material, conclui.
Os plásticos são fabricados a partir do petróleo e demoram entre 200 a 400 anos a desaparecer do meio natural, tendo o seu fabrico várias questões ambientais associadas.
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