"Os princípios éticos e deontológicos que norteiam a actividade médica não têm que mudar quando uma determinada situação é aprovada em lei", argumenta bastonário da Ordem.
O bastonário da Ordem dos Médicos afirma que a despenalização da eutanásia não obrigaria a mudar o código deontológico dos médicos, ficando os clínicos que a praticassem também despenalizados da parte disciplinar.
Em declarações à agência Lusa a menos de duas semanas da discussão parlamentar sobre a eutanásia, Miguel Guimarães diz que "o código deontológico dos médicos não é mudado porque muda a lei" e rejeita a ideia da necessidade de um referendo interno sobre este assunto.
A questão do referendo à classe médica tinha sido defendida nomeadamente pelo anterior bastonário, José Manuel Silva.
"Os princípios éticos e deontológicos que norteiam a actividade médica, que estão expressos em vários documentos internacionais e nacionais, não têm que mudar quando uma determinada situação, como a despenalização da eutanásia, é aprovada em lei", argumenta o actual bastonário da Ordem.
Segundo Miguel Guimarães, a Ordem não fará qualquer referendo interno, sublinhando que no código deontológico ficam expressos os mesmos princípios éticos universais que não têm a ver apenas com a lei portuguesa.
"Se for despenalizada e porventura um médico praticar a eutanásia, o que há a fazer é despenalizá-lo da parte disciplinar. Passa a ser despenalizado disciplinarmente porque é despenalizado pela lei", reiterou.
O bastonário considera que a despenalização da eutanásia "não é uma questão essencial no momento" e que há muitas outras matérias que deviam preocupar de forma prioritária a sociedade, como "as desigualdades sociais em saúde", ou as "insuficiências no Serviço Nacional de Saúde", bem como "a rede de cuidados paliativos medíocre, que apenas chega a um quinto das pessoas".
Ainda assim, a Ordem dos Médicos vai na segunda-feira promover um debate relacionado com "Decisões sobre o fim de vida", onde serão debatidos temas como a eutanásia, a distanásia (prolongamento da vida por meios artificiais e desproporcionais) ou o testamento vital.
Sobre a posição da Ordem relativamente à eutanásia, Miguel Guimarães frisa que como bastonário "tem de defender o código deontológico, que expressamente proíbe a eutanásia".
Contudo, indica que ainda este mês o Conselho Nacional da Ordem vai analisar e debater um parecer do Conselho Nacional de Ética e Deontologia Médica sobre o assunto.
O parlamento vai discutir a 29 de maio quatro projectos de lei sobre a morte medicamente assistida ou a despenalização da eutanásia, projectos do PAN, Bloco de Esquerda, PS e Partido Ecologista Os Verdes.
Bastonário dos Médicos rejeita referendo interno sobre eutanásia
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
A escola é um espaço seguro, natural e cientificamente fundamentado para um diálogo sobre a sexualidade, a par de outros temas. E isto é especialmente essencial para milhares de jovens, para quem a escola é o sítio onde encontram a única oportunidade para abordarem múltiplos temas de forma construtiva.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.