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Uma hora de ecrã depois de deitar aumenta o risco de insónia em 59%

Lusa 01 de abril de 2025 às 08:07

"O tipo de tempo de ecrã não parece importar tanto como a quantidade total de tempo passado em frente a um ecrã na cama", explicou Gunnhild Johnsen Hjetland, do Instituto Norueguês de Saúde Pública e principal autora.

Utilizar um ecrã durante uma hora na cama depois de deitar aumenta o risco de insónia em 59%, reduzindo o tempo de sono em 24 minutos, segundo um estudo.

O sono é essencial para a saúde mental e física, mas muitos adultos e muitos adolescentes não dormem o suficiente, e cada vez mais pessoas usam ecrãs na cama, um hábito associado à falta de sono.

O estudo, que envolveu um inquérito a 45.202 jovens adultos na Noruega e que publicado esta segunda-feira na revista científica Frontiers in Psychiatry, também aponta que as redes sociais não são mais prejudiciais do que outras atividades com recurso a ecrãs.

"O tipo de tempo de ecrã não parece importar tanto como a quantidade total de tempo passado em frente a um ecrã na cama", explicou Gunnhild Johnsen Hjetland, do Instituto Norueguês de Saúde Pública e principal autora.

Acredita-se que o uso de ecrãs afeta o sono de quatro formas: as notificações interrompem o sono, o tempo de ecrã substitui o sono, as atividades de ecrã mantêm-no acordado, fazendo com que demore mais tempo a adormecer, e a exposição à luz atrasa os ritmos circadianos.

"Os problemas de sono são muito comuns entre os estudantes e têm implicações significativas para a saúde mental, o desempenho académico e o bem-estar geral, mas os estudos anteriores concentraram-se principalmente nos adolescentes", explicou Hjetland.

Os investigadores queriam explorar a relação entre o tempo de ecrã e os padrões de sono, utilizando o Inquérito de Saúde e Bem-Estar dos Estudantes de 2022, um estudo nacionalmente representativo de estudantes noruegueses (45.202 estudantes de licenciatura a tempo inteiro, com idades compreendidas entre os 18 e os 28 anos).

Primeiro, foi perguntado aos participantes se e durante quanto tempo usavam ecrãs depois de dormir e, de seguida, foi-lhes pedido que especificassem para que os usavam (ver programas de TV ou filmes, jogar, usar redes sociais, navegar na internet, ouvir áudio como podcasts ou ler material relacionado com o estudo).

Os participantes foram também convidados a relatar a que horas foram dormir e acordaram, quanto tempo demoraram a adormecer, com que frequência tiveram problemas em adormecer ou em permanecer a dormir, com que frequência se sentiram sonolentos durante o dia e durante quanto tempo persistiram os seus problemas de sono.

A insónia foi definida como dificuldade em dormir e sonolência diurna pelo menos três vezes por semana, durante pelo menos três meses.

A equipa classificou as respostas em três categorias: uma em que os participantes disseram que usavam apenas as redes sociais, uma em que os participantes não mencionaram as redes sociais e uma em que os participantes selecionaram diversas atividades, incluindo as redes sociais.

Descobriram que aumentar o tempo de ecrã em uma hora após a hora de deitar aumentou as hipóteses de sintomas de insónia em 59% e reduziu a duração do sono em 24 minutos, mas o uso das redes sociais não foi mais prejudicial do que outras atividades baseadas em ecrãs.

Não houve interação significativa entre o tempo de ecrã e a escolha da atividade, sugerindo que a atividade em si não afetou a quantidade de tempo que as pessoas permaneceram acordadas.

Isto indica que os ecrãs reduzem o tempo de sono porque deslocam o descanso, e não porque aumentam o estado de vigília: espera-se que diferentes atividades afetem o estado de vigília de diferentes formas.

Os autores do estudo acreditam, no entanto, que, uma vez que a investigação se centra numa única cultura, podem existir diferenças assinaláveis na relação entre o uso de ecrãs e o sono em todo o mundo.

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