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Realizado o primeiro transplante de olho. "Um passo mais perto" da cura para a cegueira

Débora Calheiros Lourenço 10 de novembro de 2023 às 11:10

Um acidente grave em 2021 já tinha levado Aaron James a um transplante de rosto, sendo o 19º nos Estados Unidos.

Em Nova Iorque uma equipa de cirurgiões conseguiu realizar o primeiro transplante de um olho humano, no entanto, e apesar de a operação ter sido bem-sucedida, ainda é cedo para saber se o homem transplantado vai conseguir ver através do novo olho.

NYU Langone Health/Handout via REUTERS

Um acidente, em 2021, que envolveu uma linha de energia de alta tensão destruiu a maior parte do rosto e o olho esquerdo de Aaron James, que perdeu ainda o braço do mesmo lado. O americano de 46 anos trabalhava numa empresa de energia quando foi eletrocutado e quase morreu.

O seu olho direito continuou funcional mas os cirurgiões, que o acompanham no centro académico NYU Langone Health, acreditaram que valia a pena transplantar o olho esquerdo, já que potenciava os resultados do transplante de rosto, dando mais suporte ao rosto.

Segundo os relatórios médicos, o paciente está a ter uma boa recuperação e o olho doado estava completamente saudável. À Asssociated Press, Aaron James referiu: "Ainda não tenho nenhum movimento, a minha pálpebra ainda não mexe. Mas estou a começar a sentir".

Atualmente os transplantes de córnea são bastante comuns enquanto tratamento para alguns tipos de perda de visão, no entanto, transplantar o olho inteiro, incluindo o globo ocular, o seu fornecimento de sangue e o nervo ótico que o liga ao cérebro, é um importante avanço na procura por uma cura pela cegueira.

Independentemente do resultado final deste transplante, esta é uma oportunidade sem precedentes para os cientistas entenderem o funcionamento do olho humano. "Não conseguimos garantir que vamos restaurar a visão, mas não tenho dúvidas que estamos agora um passo mais perto", esclareceu o chefe de cirurgia plástica da NYU Eduardo Rodriguez.

Alguns especialistas consideravam que havia a possibilidade de o olho transplantado se desidratar mas, até ao momento, o olho cor de avelã doado apresenta tanto fluxo sanguíneo como o azul de nascença e não existem sinais de rejeição.

Neste momento um dos principais obstáculos a este tipo de cirurgias é a dificuldade de fazer crescer novamente o nervo ótico mas já estão a ser feitas várias investigações em animais para que o processo seja facilitado.

Aaron James foi a 19º pessoa nos Estados Unidos a receber um transplante facial depois de várias cirurgias reconstrutivas não serem capazes de reparar as lesões que tinha. Este tipo de transplante continua a ser considerado raro e arriscado.

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