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Pfizer inicia estudos sobre tratamento oral contra a covid-19

Diogo Camilo 24 de março de 2021 às 17:59

Tratamento à base de inibidores de protease, que previnem o vírus de se replicar no organismo, tem como objetivo ser prescrito a pacientes com o novo coronavírus após serem detetados os primeiros sinais de infeção. Próximo passo é desenvolver vacinas com a mesma tecnologia de mRNA contra outros vírus.

A Pfizer iniciou esta terça-feira a primeira fase de estudos de um novo tratamento anti-viral contra a covid-19, na forma oral. O novo tratamento que vai agora começar a ser testado tem como objetivo ser prescrito a pacientes com o novo coronavírus após serem detetados os primeiros sinais ou sintomas de infeção.

REUTERS/Dado Ruvic

Depois da farmacêutica norte-americana ter desenvolvido a primeira vacina contra a covid-19 a ser autorizada e aprovada nos EUA e na União Europeia, em parceria com a alemã BioNTech, utilizando uma nova técnica na vacinação com o RNA mensageiro (mRNA), a Pfizer tem também agora o primeiro medicamento oral específico contra o novo coronavírus a ser avaliado em estudos clínicos, o PF-07321332.

"Atacar a pandemia da covid-19 requere uma prevenção via vacina e um tratamento específico para aqueles que contraem o vírus. Dada a maneira como o vírus SARS-CoV-2 está a sofrer mutações e o impacto global contínuo da covid-19, parece provavél que será muito importante ter acesso a opções terapêuticas agora e para lá da pandemia", indicouem comunicadoo chefe científico da farmacêutica, Mikael Dolsten.

A nova estratégia que estará em estudo nos Estados Unidos passa por utilizar um inibidor de proteases que demonstrou potencial contra outros coronavírus, o que sugere potencial para ser usado como tratamento para a covid-19 e para outras ameaças de futuros coronavírus que possam aparecer.

"Desenhámos o PF-07321332 como potencial terapia oral que possa ser prescrita ao primeiro sinal de infeção, sem ser necessário que pacientes estejam hospitalizados ou em condições críticas. Ao mesmo tempo, o candidato intravenoso antiviral da Pfizer é uma opção de tratamento para pacientes internados com o novo coronavírus. Juntos, os dois têm o potencial de acabar com o paradigma de tratamentos, ao complementar a vacinação  em casos em que a infeção ainda ocorre", refere o comunicado da farmacêutica.

Os inibidores de proteases ligam-se a enzimas virais, chamadas de proteases, que previnem o vírus de se replicar na célula. Este tipo de proteínas tem sido eficaz no tratamento de outros agentes patogénicos como o vírus do HIV ou o da hepatite C, por si só ou em conjunto com outros antivirais.

Os resultados deste ensaio clínico inicial de fase I serão divulgados, em conjunto com a estrutura do candidato a medicamento PF-07321332, no dia 16 de abril.

Além deste tratamento, como referiu a Pfizer, está também em estudo um outro inibidor de proteases administrado por via intravenosa, o PF-07304814, na fase 1b de ensaios clínicos em voluntários hospitalizados com covid-19.

Pfizer planeia aplicar tecnologia de mRNA a vacinas contra outros vírus

O próximo plano da Pfizer é basear a tecnologia por detrás da vacina contra a covid-19, a do RNA mensageiro (mRNA), para desenvolver vacinas contra outros vírus.

A revelação foi feita esta terça-feira pelo chefe executivo da farmacêutica, Albert Bourla, em entrevista ao Wall Street Journal, em que avança que a estratégia passa por expandir a tecnologia de mRNA, em que é introduzido no organismo um mensageiro de ácido ribonucleico (o mRNA, na sigla em inglês), que contém informação genética sobre o vírus e engana o corpo para que seja ele próprio a produzir a proteína do corpo estranho.

A vacina da covid-19, baseada na tecnologia desenvolvida pela alemã BioNTech, demonstrou uma eficácia de 95% em ensaios clínicos e foi a primeira a ser autorizada na União Europeia, ainda no fim de dezembro. As primeiras vacinas começaram a ser distribuidas em Portugal a 27 de dezembro. 

A vacina, cuja tecnologia também está a ser utilizada na vacina contra a covid-19 da farmacêutica Moderna, está a levar investigadores a considerar o seu uso para lá da vacinação, incluindo o tratamento do cancro.

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