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Oceanos absorvem mais de 90% do calor excessivo da atmosfera e resultado é mais desastres naturais

10 de março de 2020 às 21:03

As alterações climáticas geradas pelo armazenamento nos oceanos do aquecimento global resultam na maior frequência de fenómenos meteorológicos extremos como ciclones e tempestades tropicais.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) advertiu hoje que os oceanos absorvem mais de 90% do calor produzido na Terra, o que dá origem a desastres naturais mais fortes, como em 2019, no final da década mais quente em registo.

Segundo a Declaração Anual sobre o Estado do Clima 2019, apresentada hoje pelo secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, os oceanos são um elemento central das alterações climáticas ao absorverem mais de 90% do "calor extra" produzido pela atividade humana.

As alterações climáticas geradas pelo armazenamento nos oceanos do aquecimento global resultam na maior frequência de fenómenos meteorológicos extremos como ciclones e tempestades tropicais, desastres hidrológicos como inundações ou deslizamento de terras e fenómenos climatológicos como temperaturas extremas, secas e fogos florestais, declarou Petteri Taalas.

A OMM anunciou em janeiro que 2019 foi o segundo ano mais quente de que há registo, a seguir a 2016, e que o período entre 2010 e 2019 foi a década mais quente já registada.

A Declaração sobre o Estado do Clima 2019 avança que a subida do nível dos oceanos está entre os três e quatro milímetros por ano, o ritmo mais acelerado de sempre, que provoca o agravamento das tempestades tropicais, tufões e ciclones, observados em áreas geográficas mais vastas que antes.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, acrescentou que os oceanos absorvem calor equivalente a cinco bombas atómicas de Hiroxima por segundo e que a concentração de gases com efeito de estufa atingiu o nível mais alto dos últimos três milhões de anos.

Petteri Talas lembrou que o ciclone Idai, que afetou Moçambique, o Zimbabué e o Maláui em março de 2019, foi o pior ciclone do hemisfério sul em mais de um século, matando cerca de 900 pessoas, segundo a OMM.

No centro de Moçambique, a região mais afetada, O Idai provocou 604 mortos.

O ano passado foi também marcado pelo furacão Dorian, que atingiu as Bahamas e os Estados Unidos e matou 70 pessoas e pelos tufões Hagibis, no Japão, e Leima, na China.

O ano de 2019 teve também o verão mais quente de sempre na Austrália e grandes incêndios florestais naquele país e na América do Sul (Floresta Amazónica). Registaram-se também mais fogos nas regiões do Ártico (Canadá, Rússia ou Suécia).

As ondas de calor provocaram temperaturas recorde em países europeus como França, Reino Unido, Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo e Alemanha.

Segundo a Declaração do Estado do Clima produzida pela OMM, 91% da população mundial respira ar com mais poluentes que os considerados aceitáveis pela Organização Mundial da Saúde.

António Guterres disse que 2020 é um ano "crucial na resposta à emergência climática", com a realização da 26.ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), marcada para novembro em Glasgow, Reino Unido.

O secretário-geral da ONU disse que a COP26 será centrada em quatro prioridades: A revisão das contribuições nacionais determinadas e planos climáticos; a adoção de estratégias por parte de todos os países para chegar à neutralidade carbónica até 2050; um "robusto pacote de programas, projetos e iniciativas" para construir resiliência contra os efeitos das alterações climáticas; e mobilização de 100 mil milhões de dólares pelos países desenvolvidos para investimentos em tecnologias ecológicas.

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