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Novo medicamento atrasa a progressão de Alzheimer em 35%

Diogo Barreto 17 de julho de 2023 às 21:10

O medicamento desenvolvido pela Eli Lilly provocou inchaços cerebrais em várias das pessoas que participaram no estudo, mas representa "uma nova era" no combate à doença.

O medicamento donanemab passou uma nova fase de teste e continua a ser um dos fármacos mais promissores no combate ao declínio cognitivo que está associado a doenças como Alzheimer. Segundo os cientistas que estão a testar o fármaco, administrado numa fase inicial da doença, o donanemab pode atrasar o declínio cognitivo por vários anos. Mas lembram que não serve como cura e continua com efeitos secundários indesejáveis.

REUTERS/Brian Snyder/File Photo

Em maio deste ano, a farmacêutica Eli Lilly informava que o donanemab era capaz de reduzir a evolução da doença de Alzheimer de forma eficaz para que esta progredisse com um terço da velocidade (35%). Graças a este atraso, as pessoas afetadas com esta patologia continua a poder realizar tarefas do dia a dia. A Alzheimer’s Research UK, citada pela BBC, refere que a humanidade está a entrar numa nova era em que a doença pode "vir a ser tratável". Os resultados foram publicados esta segunda-feira noJournal of the American Medical Associatione apresentados na conferência internacional da Alzheimer’s Association, em Amesterdão, nos Países Baixos.

O princípio de atuação do donanemab é semelhante ao do medicamento experimental Lecanemab, que em 2022 mostrou ser capaz de retardar a progressão da doença, mas apresentou efeitos secundários graves em alguns pacientes. Ambos os medicamentos foram criados para remover os depósitos pegajosos de uma proteína chamada beta-amilóide, que se acumula nos espaços entre as células cerebrais e forma placas distintivas, características da doença de Alzheimer. "A batalha de décadas para encontrar tratamentos que mudem a doença de Alzheimer está a mudar", afirmava Cath Mummery, coordenadora da clínica de distúrbios cognitivos do Hospital Nacional de Neurologia e Neurocirurgia do Reino Unido, em maio.

Nesta nova fase do estudo, foram estudados os efeitos do medicamento num grupo de 1.800 pessoas com a doença em fase inicial e, após 76 semanas de tratamento, o donanemab abrandou o declínio clínico em 35,1% nas pessoas com Alzheimer precoce cujos exames cerebrais revelaram níveis baixos ou médios de uma proteína (a tau).

No entanto, os ensaios dão conta de que se verificou a existência de alguns efeitos secundários graves, como inchaço do cérebro, tendo três pessoas morrido em eventos "relacionados com o tratamento".  

Apesar das contrapartidas, a Eli Lilly já solicitou a aprovação por parte da agência federal norte-americana para os medicamentos (FDA).

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