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Julho de 2023 terá sido o mês mais quente alguma vez registado

Andreia Antunes com Leonor Riso 27 de julho de 2023 às 21:22

O mês mais quente alguma vez registado até agora foi julho de 2019. "A era da ebulição global chegou", avisou o secretário-geral da ONU, António Guterres.

O mês de julho está prestes a ser considerado o mês mais quente alguma vez registado, de acordo com os dados ERA5 do Copernicus Climate Change Service (C3S), centro da União Europeia que fornece informações sobre o clima.

Getty Images

As três primeiras semanas do mês de julho foram as mais quentes alguma vez registadas. O excesso de temperatura é a causa das ondas de calor que estão a decorrer na América do Norte, Ásia e Europa, com a consequência dos incêndios florestais em países como Canadá e Grécia, que trazem impactos para o meio ambiente e saúde humana.

De acordo com os dados da ERA5, o mês mais quente alguma vez registado até agora foi julho de 2019, quando a temperatura média do ar em todo o mundo foi de 16.63°C. Nos primeiros 23 dias de julho de 2023, foi de 16.63°C, bem mais superior. 

Junho de 2023 foi também o junho mais quente de sempre, com uma temperatura média global de 16,51ºC, 0,53 graus centígrados acima da média das três décadas anteriores.

No dia 6 de julho, a média diária da temperatura média global do ar na superfície foi de 17,23ºC, tendo-se tornado no dia mais quente alguma vez registado. A temperatura média global ultrapassou temporariamente o limite de 1,5ºC acima do nível pré-industrial, período referido em relação às metas do Acordo de Paris, durante a primeira e a terceira semana do mês.

A temperatura média global da superfície do mar está, desde maio, acima dos valores observados nas épocas anteriores.

"O clima extremo que afetou muitos milhões de pessoas em julho é a dura realidade da mudança climática e uma amostra do futuro", alertou o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Petteri Taalas, no comunicado. "A necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa é mais urgente do que nunca. A ação climática não é um luxo, mas uma obrigação", acrescenta.

Temperatura diária global do ar na superfície de 1940 a 23 de julho de 2023. C3S/ECMWF

A OMM prevê que há 98% de probabilidade que um dos próximos cinco anos seja o mais quente já registado, e uma chance de 66% de exceder temporariamente 1,5ºC acima da média dos anos entre 1850 a 1900.

O diretor do C3S, Carlo Buontempo, referiu que "é improvável que o recorde de julho permaneça isolado este ano, as previsões sazonais do C3S indicam que as temperaturas nas áreas terrestres estarão provavelmente acima da média, excedendo o 80º percentil da climatologia para a época do ano". Menciona que o principal fator destas temperaturas crescentes são as emissões antrópicas, as provocadas pela atividade humana. 

O Copernicus Climate Change Service (C3S), implementado pelo Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF), combina as observações do sistema climático com a ciência mais recente para desenvolver informações sobre os estados no passado, presente e futuro do clima. O ERA5 é a reanálise do ECMWF de quinta geração para o clima global e o tempo com dados disponíveis a partir de 1940.

Esta quinta-feira, António Guterres reforçou as conclusões. "Não temos que esperar até ao fim do mês para saber isto. Julho de 2023 vai quebrar recordes", avisou o secretário-geral da ONU. "As alterações climáticas estão aqui. É aterrorizante. E é só o início", afirmou, "a era da ebulição global chegou". 

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