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Cientistas descobrem como se forma e desenvolve cancro da pele mais comum

Lusa 27 de janeiro de 2025 às 14:34

"O carcinoma basocelular é, de longe, o cancro de pele mais frequente nos seres humanos", diz Adriana Sánchez-Danés, investigadora principal do Laboratório de Biologia do Cancro e das Células Estaminais da Fundação Champalimaud.

Uma equipa internacional de cientistas, coliderada por uma investigadora da Fundação Champalimaud, descobriu mecanismos de iniciação e progressão do cancro da pele mais comum nos seres humanos, o carcinoma basocelular, informou esta segunda-feira, 27, a instituição portuguesa.

O estudo, cujos resultados foram publicados na revista científica Cell Discovery, "aponta potenciais terapias para prevenir o desenvolvimento do carcinoma basocelular", acrescenta um comunicado da fundação.

"O carcinoma basocelular é, de longe, o cancro de pele mais frequente nos seres humanos", diz Adriana Sánchez-Danés, investigadora principal do Laboratório de Biologia do Cancro e das Células Estaminais da Fundação Champalimaud, citada no comunicado.

Embora raramente desenvolva metástases e seja normalmente tratado com uma cirurgia, este tumor "pode, em alguns casos, tornar-se metastático ou localmente muito agressivo".

Sánchez-Danés assinala ser por isso "tão importante compreender as diferentes fases e etapas que levam à formação, bem como à progressão desta doença".

Comparando os genes ativos nas células estaminais e progenitoras da pele de ratinho com o referido cancro, os cientistas conseguiram identificar vários genes cuja expressão estava aumentada, entre os quais o da Survivina, também conhecido por BIRC5, o que mais lhes "chamou a atenção".

O gene da Survivina encontra-se sobre-expressado em muitos dos cancros humanos, tais como o do pulmão, do pâncreas e da mama, mostrando o estudo sobre o carcinoma basocelular que "é necessário não só para a iniciação e a formação de lesões pré-neoplásicas, mas também para a sua conversão em cancro invasivo", salienta Sánchez-Danés.

Segundo a investigadora, "esta é a primeira vez que é descrito o seu papel na iniciação do tumor".

"Além disso, a descoberta de que a Survivina é necessária para a conversão de lesões pré-neoplásicas em tumores invasivos é relevante, uma vez que pode ser explorada terapeuticamente".

Os dados obtidos pelos cientistas "mostram que a administração a curto prazo de um inibidor da Survivina leva à diminuição e eliminação de lesões pré-neoplásicas e previne a progressão do carcinoma basocelular", indica o estudo.

Vários inibidores da Survivina têm sido desenvolvidos e estão atualmente a ser testados em ensaios clínicos.

No entanto, o inibidor da Survivina neste estudo era algo tóxico para os animais, o que levou os investigadores a utilizarem em alternativa "um inibidor de uma proteína chamada SGK1 ("serum and glucocorticoid-regulated kinase 1), que também impediu que as lesões pré-neoplásicas evoluíssem para um tumor".

Os responsáveis pelo estudo admitem que ambas as estratégias possam ser utilizadas em seres humanos, utilizando-se os inibidores da Survivina como creme a ser aplicado na pele, o que reduz os efeitos secundários.

"O nosso principal resultado é que a Survivina pode ajudar-nos, no futuro, a evitar a geração de carcinomas basocelulares invasivos", afirma Sánchez-Danés, acrescentando que para si "a parte mais interessante" do estudo "foi descobrir que a Survivina também pode induzir células que são resistentes à formação de cancro a tornarem-se competentes nesse sentido".

"Foi uma descoberta entusiasmante", adianta.

/iStockphoto
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