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Aquecer recipientes para comida de bebé no microondas liberta nanoplásticos

Luana Augusto com Leonor Riso 21 de julho de 2023 às 17:32

Investigação levanta preocupações devido ao efeito destas partículas na saúde das crianças. Células renais são muito vulneráveis.

Um estudo da Universidade de Nebraska-Lincoln, nos EUA, revelou que o aquecimento de recipientes de plástico destinados a comida para bebés pode resultar na libertação de mais de dois biliões de nanoplásticos (partículas inferiores a um milímetro), além de quatro milhões de microplásticos (de comprimento inferior a cinco milímetros).

REUTERS/Pascal Lauener

Os investigadores chegaram a esta conclusão após uma série de testes feitos a recipientes de um tipo de plástico reutilizável chamado polietileno, que são comummente vendidos como porta-papas ou caixas herméticas. 

Neste estudo, os recipientes foram preenchidos com água destilada ou acido acético de forma a simular produtos lácteos, como o leite, ou produtos relativamente ácidos. Após este procedimento, foram colocados no micro-ondas com a potência máxima de mil watts, durante três minutos. Verificando os líquidos, foi possível descobrir os nano e microplásticos. 

As células renais foram consideradas bastante vulneráveis a este tipo de partículas, quando uma cultura das mesmas foi exposta às partículas de plástico. 48 horas depois, 77% das mesmas tinha morrido. 

"É realmente importante saber quantos micro e nanoplásticos estamos a absorver", disse o autor principal do estudo, Kazi Albab Hussain, citado pelo site Earth. "Quando comemos certos alimentos, geralmente somos informados ou temos uma ideia sobre o seu conteúdo calórico, níveis de açúcar e outros nutrientes. Acredito que é igualmente importante estarmos cientes do número de partículas de plástico presentes nos nossos alimentos", acrescentou o também doutorado em engenharia civil e ambiental na Universidade Nebraska-Lincoln.

A ideia desta investigação surgiu de uma experiência pessoal que o autor teve como pai, em 2021. Na altura, a falta de estudos focados na libertação de partículas foi o que o motivou a avançar com este estudo.

Ainda assim, e mesmo com todo o seu conhecimento sobre o assunto, Kazi Albab Hussain reconheceu o desafio de evitar o plástico. "Para o meu bebé, não consegui evitar completamente o uso de plástico, mas consegui evitar aqueles [cenários] que estavam a causar uma maior libertação de micro e nanoplásticos. As pessoas também merecem conhecê-los", admite.

Estas descobertas acabaram por levantar sérias preocupações sobre as implicações na saúde das crianças. Embora estes riscos não sejam totalmente compreendidos, Hussain pede para que haja um esforço conjunto no desenvolvimento de materiais mais seguros. "Tenho esperança que chegará o dia em que esses produtos vão exibir rótulos com a inscrição 'sem microplásticos' ou 'sem nanoplásticos'."

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