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Veterinários à beira do burnout

Mónica Baltazar 29 de julho de 2025 às 23:00

Ter de eutanasiar animais, lidar com donos de animais que os agridem e insultam, faz com que a profissão seja cada vez mais desafiante.

A eutanásia de Tomé, um cão com doença cardíaca, em fase terminal, foi uma das muitas que marcaram André Santos. O procedimento era inevitável. "Custou-me muito porque conhecia a dona e os filhos, acompanhava o animal há vários anos, era um cão muito meiguinho", conta o médico veterinário do Hospital Veterinário do Restelo, em Lisboa, que já perdeu a conta ao número de eutanásias que fez. A experiência ensinou-o a lidar com as emoções que tenta deixar à porta do consultório. "Não tem mal ir no caminho para casa e chorar, mas quando estou na consulta com os donos tenho de controlar as emoções, para que tenham o colo do veterinário naquele momento." Com quase meio milhão de seguidores na sua página de Instagram, onde partilha conselhos e dicas com quem tem animais, o médico veterinário surge em várias publicações com Azeitona, uma schnauzer miniatura da qual é inseparável. Apesar de encarar a eutanásia como um ato de bondade, assegura que nunca vai habituar-se ao procedimento. Um dia antes da entrevista à SÁBADO,fez a eutanásia de um gato, com doença oncológica, que já estava em cuidados paliativos.

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