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Crítica de cinema: Farming

Pedro Marta Santos
Pedro Marta Santos 11 de setembro de 2020 às 07:00

Enitan é o alter ego do realizador num relato cruel. Fica a pergunta: Será Akinnuoye-Agbaje cineasta de um só filme?

Há uma imagem de arrepiante ressonância de 2020 (o filme é de 2018) nesta estreia na realização do ator anglo-nigeriano Adewale Akinnuoye-Agbaje, quando o membro de um grupo deskinheadssufoca com a bota cardada o pescoço de Enitan (Damson Idris). Enitan é o alter ego do diretor neste relato cru e autobiográfico da infância de um miúdo negro entregue a Ingrid (Kate Beckinsale) em Tilbury, no Essex, reflexo da prática comum nas comunidades africana e caribenha que, por falta de meios e com incentivos governamentais, depositavam os seus filhos em famílias da classe trabalhadora inglesa nos anos 60 e 70. Alvo de racismo atroz, que começa em casa, Enitan resolve o desejo de pertença pela conversão ao inimigo, e ascenderá ao núcleo de um gangue de supremacistas brancos.

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