Sábado – Pense por si

Confissões de um mimado que não sabia fazer nada

Renato Rocha 10 de setembro de 2017 às 15:52

Como é que um devorador de livros sobrevive na cozinha? O autor de Desenrasca-te! faz-nos o relato dos seus acidentes

Uma das minhas memórias mais queridas é acordar, nas manhãs de Inverno, com o aroma a fatias douradas. A minha avó, no perpétuo pavor de que o neto passasse frio, preparava-me um pequeno-almoço reforçado, que incluía a sua especialidade: fatias de pão alentejano mergulhadas em gemas de ovos caseiros, das galinhas da vizinha, fritas durante alguns minutos, e depois polvilhadas com açúcar amarelo que, claro, derretia com o calor, transformando-se numa calda deliciosa. Lambuzava-me com gosto e ia para a escola de barriga e alma cheias. Mais tarde tentei continuar a tradição familiar e repetir a maravilha. O pão não era o indicado, deixei queimar o óleo e o açúcar espalhou-se pelo chão da cozinha; o resultado final tinha pouco de fatia e ainda menos de dourado. Reduzido à minha insignificância, liguei à minha avó a perguntar o que tinha corrido mal. Com o seu carinho e diplomacia habituais, respondeu-me: "Tudo."

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Até porque os primeiros impulsos enganam. Que o diga o New York Times, obrigado a fazer uma correcção à foto de uma criança subnutrida nos braços da sua mãe. O nome é Mohammed Zakaria al-Mutawaq e, segundo a errata do jornal, nasceu com problemas neurológicos e musculares.