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Investigadores encontram restos de pão de há 14.400 anos, antes da agricultura

16 de julho de 2018 às 20:41

Esta é a mais antiga prova da existência de pão até agora registada e foi encontrada numa exploração arqueológica na Jordânia designada Shubayqa 1.

Um grupo de investigadores encontrou vestígios de pão, feito por caçadores-recolectores que viveram há 14.400 anos, quatro milhares de anos antes do surgimento da agricultura.

Esta é a mais antiga prova da existência de pão até agora registada e foi encontrada numa exploração arqueológica na Jordânia designada Shubayqa 1.

A descrição e resultados do trabalho de investigadores das universidades de Copenhaga, College London e de Cambridge foram divulgados na publicação Proceedings of the National Academy of Sciences, esta segunda-feira.

"A presença de centenas de restos de comida carbonizada nas fogueiras de Shubayqa 1 é um achado excepcional e dá-nos a possibilidade de caracterizar as práticas de alimentação" de há mais de 14.000 anos, disse a arqueóloga da Universidade de Copenhaga Amaia Arranz Otaegui, coordenadora do estudo.

A especialista explica que os 24 restos analisados mostram que antecessores selvagens dos cereais 'domesticados', ou seja, cultivados, como cevada, um tipo de trigo ou aveia, foram moídos, peneirados e amassados antes de serem cozidos.

Estas amostras são semelhantes aos pães achatados, sem fermento ou levedura, identificados em várias estações arqueológicas do período neolítico ou romano, na Europa e na Turquia.

"Assim, sabemos que produtos semelhantes a pão eram produzidos muito antes do desenvolvimento da agricultura", conclui Amaia Arranz Otaegui, apontando que o próximo passo é avaliar se a produção e o consumo de pão influenciaram o aparecimento do cultivo de plantas.

Os vestígios de alimentos recolhidos na Jordânia foram levados para um laboratório da University College London e analisados num microscópio electrónico pela especialista em pão pré-histórico Lara Gonzalez Carratero, do Instituto de Arqueologia.

A investigação das práticas pré-históricas relacionadas com a alimentação vai continuar, depois de a Universidade de Copenhaga ter obtido financiamento para estudar com mais detalhe as formas como eram consumidos os diferentes tipos de plantas e de animais no período de transição para o Paleolítico.

"Baseando a nossa investigação no [primeiro tipo de] pão, vamos ter no futuro uma melhor ideia da razão pela qual determinados ingredientes foram favorecidos relativamente a outros e foram escolhidos para cultivo", referiu o arqueólogo Tobias Richter que liderou as escavações em Shubayqa, na Jordânia.

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