A Edição Diária no seu e-mail
De Sábado a Sábado, receba no seu e-mail um resumo das notícias mais relevantes do dia.
Subscreva Já
Áudios eróticos: as mulheres agradecem
As portuguesas começam a aderir ao formato que desperta a libido, através de narrativas curtas. Podem ser mais eficientes do que os filmes de bolinha vermelha.
Gemidos, voz arrastada e envolvente. Junta-se o enredo picante, à medida das mulheres urbanas, dos 25 aos 45 anos, e está feita a festa sonora. Malu Figueira (pseudónimo) é mentora do género no Brasil, ao narrar histórias que exaltam o desejo, em episódios de quatro minutos. Nos podcasts dirige-se, sobretudo, ao público feminino – tendencialmente com menos repertório erótico do que os homens (ligado ao imaginário)e mais constrangimentos em consumirem filmes pornográficos.
Mulheres aderem a áudios eróticos para estimular a libido e melhorar a intimidade
Getty Images
Actores famosos na narração
Gabi Benvenutti entra na corrida com Conto de F*das, onde recorda situações da época em que era acompanhante. Tela Preta, Pelos Lábios Dela também concorrem em português do Brasil. O formato foi ganhando tração em 2020, nos tempos de pandemia, e hoje em dia ganha contornos de indústria através de apps que cobram cerca de €6 por subscrição mensal, como a Quinn (criada em 2021 e falada em inglês). Diz que ajuda a “chegar lá...”: sem falar de orgasmo, sugere-o com narradores de primeira linha, atores famosos. Um dos cabeças-de-cartaz da Quinn foi o ator britânico Tom Blyth que, em julho, lançou The Muse (A Musa): dá voz a um pianista que se envolve com a filha de um lord, durante as lições de piano. Outra app, a Dipsea, ambiciona ser a “HBO para os seus ouvidos”, com audiolivros excitantes criados por uma equipa de autores profissionais. Aos poucos, as mulheres portuguesas vão ouvindo estas histórias de encontros secretos, contextos de poder e jogos de sedução intensos mais ou menos explícitos. Notam benefícios na intimidade, conforme conta à SÁBADO a neuropsicóloga Carolina Freitas Nunes. A especialista recorda o caso de uma paciente que, após anos com dificuldade em atingir o clímax, “conseguiu vivenciar essa experiência ao ouvir conteúdos eróticos guiados.” Referiu que se sentiu “mais livre para imaginar e conectar-se emocionalmente com o momento”, acrescenta. E isto refletiu-se na relação.Portuguesas aderem
Os relatos das pacientes variam, tendo em comum “a valorização da experiência mais personalizada que o áudio proporciona”, explica Carolina Freitas Nunes. Algumas sentem-se mais relaxadas, por vezes atingem o clímax. “Apontam o facto de não terem a pressão visual típica da pornografia, o que lhes permite criar mentalmente um cenário adaptado às suas fantasias”, diz. Nesta equação pode entrar a variável ASMR (Resposta Sensorial Autónoma do Meridiano), aplicada nos podcasts de Malu Figueira. Os sussurros característicos da ASMR ativam “regiões cerebrais associadas ao prazer”, explica a neuropsicóloga. Quando associados aos áudios, funcionam como “gatilhos eróticos”. O termo é usado em sexologia e por Cristina Barbosa (ginecologista obstetra), que refere à SÁBADO a importância destas ferramentas em mulheres com diminuição de desejo espontâneo, quando a rotina invade as relações longas (a partir dos cinco anos) e é devastadora para a intimidade. Mas há mais fatores que levam ao arrefecimento, segundo a médica: “O desejo sexual feminino é algo frágil, quer a menopausa, a maternidade ou o pós-parto podem ter impacto.” Com frequência, as utentes não lhe sabem dizer o que as estimula, se a voz, a respiração, etc. “Têm muita dificuldade em perceber o erotismo. A diminuição do desejo tem a ver com esta escassez do repertório”, diz. Portanto, aos dias de hoje, com tanta informação e apelos, elas continuam a desconhecer como “criar ou manter fantasias sexuais”, segundo reportam à sexóloga Vânia Beliz. Historicamente, os homens têm estado mais expostos a estímulos, de forma direta através da pornografia. “Enquanto na sexualidade feminina a prática foi desvalorizada ou até censurada”, enquadra. Em momentos “privados e seguros”, os áudios podem fazer parte de “um ritual de autocuidado e intimidade”, nas palavras da psicóloga Isa Silvestre. Assim estimulam a libido, diz, “antes de encontros consensuais e alimentam fantasias de forma segura, sem riscos físicos.” Contra-indicaçõesCuidado com as expectativas irreais
O consumo excessivo de áudios eróticos pode reforçar “expectativas irreais sobre interações sexuais”, alerta a psicóloga Isa Silvestre. Em casos de trauma sexual, “alguns conteúdos podem desencadear memórias ou ansiedade. É importante a escolha consciente.”O problema torna-se notório se os áudios forem “a única forma de excitação” ou gerarem “afastamento do parceiro”, acrescenta Carolina Freitas Nunes.
Descubra as
Edições do Dia
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Boas leituras!
Tópicos
Obstetrícia / ginecologia
Indústria cinematográfica
Pornografia
Celebridades
Carolina Freitas
Brasil
Portugal
Gabi Benvenutti
Tom Blyth
HBO
África
Estados Unidos
Artigos recomendados
As mais lidas
O refúgio de Juan Carlos em Portugal: mansão de luxo de 4,5 milhões adaptada a cadeira de rodas
10 de agosto de 2025 às 17:55Correio da Manhã
A presidente de junta que ganhou €10 mil nos Ídolos
12 de agosto de 2025 às 07:00Marco Alves
€2 mil por uma barraca, com puxada de água e luz. O negócio escondido
12 de agosto de 2025 às 23:00Rita Rato Nunes
Comer bem para fugir ao açúcar
12 de agosto de 2025 às 23:00Susana Lúcio
Tiago Tomás: "Soube que ia sair do Sporting e fui a chorar até casa"
12 de agosto de 2025 às 23:00Tiago Carrasco