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Altas temperaturas fazem disparar "ataques de raiva" nas estradas

Márcia Sobral 20 de julho de 2023 às 14:37

Estudos comprovam ligação entre comportamento hostil e incidentes rodoviários. Nos Estados Unidos, as ondas de calor fizeram disparar os incidentes no trânsito.

Lutar, fugir, congelar. Este é um ciclo vicioso que afeta os seres humanos quando deparados com temperaturas acima da média e cenários de potencial tensão oustress. Os especialistas reconhecem que a violência no trânsito é espoletada por vários motivos, mas não têm dúvidas que as ondas de calor são um deles – e nos Estados Unidos o problema já é evidente.

REUTERS/Vasily Fedosenko

Na semana passada, no Texas, uma mulher de 37 anos foi baleada na cabeça depois de o marido ter estado envolvido numa discussão de trânsito. Em Nova Iorque, uma pequena colisão entre dois carros fez com que um dos condutores cortasse os pneus ao outro que, em resposta, o atropelou. Tanto a mulher como o homem acabaram por morrer.

Leigh Richardson, diretor do Brain Performance Center, confirmou aoThe Guardianque alguns estudos feitos nos últimos anos demonstram esta relação e refere que existem indícios físicos que o podem comprovar. O especialista aponta que o excesso de calor tem a capacidade de "sobrecarregar os nossos órgãos", o que faz com que o coração possa "começar a bater mais rápido" ou o cérebro ativar mecanismos que podem pôr em causa "a nossa segurança psicológica".

"Quando nos sentimos ameaçados podemos tornar-nos mais impulsivos e reativos. Entrar num carro que regista 42 graus, no final de um dia longo e enquanto pensamos nas tarefas que temos ainda para fazer pode ser algo avassalador. O calor cansa. Quando alguém não nos deixa mudar de faixa ou seguir caminho o cérebro pode rapidamente entrar num ciclo de luta", disse o especialista ao jornal britânico.

Sem a possibilidade de fugir ao calor o melhor mesmo é apostar em métodos de auto-controlo. Para os especialistas a hidratação é um passo fundamental, assim como a utilização de protetores solares para os para-brisas. Outras técnicas passam por "contar até 10 antes de reagir a uma buzinadela" ou por "redirecionar os pensamentos" e "reavaliar a magnitude da ameaça" através da repetição de frases como "já passou, agora estou em segurança".

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