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42% dos trabalhadores não consegue alterar horário para dar assistência a filhos

26 de fevereiro de 2019 às 11:11

Análise feita pela CGTP frisa que as mulheres trabalhadoras estão cada vez mais sujeitas à desregulação da sua vida laboral, o que dificulta vida familiar.

Cerca de 915 mil mulheres trabalham ao sábado, mais de 538 mil trabalham ao domingo, 382 mil trabalham por turnos e 162 mil à noite, o que lhes dificulta a conciliação do trabalho com a família, refere aCGTP.

A análise, a que a agência Lusa teve acesso, foi feita pela central sindical como ponto de partida para a Semana da Igualdade, que se vai promover entre 04 e 08 de março, em todo o país, sob o lema "Avançar na Igualdade -- Com Emprego de Qualidade".

Segundo a Intersindical, as mulheres trabalhadoras estão cada vez mais sujeitas à desregulação da sua vida laboral, com horários longos, adaptabilidades, bancos de horas, horários concentrados, laboração contínua, com implicações negativas na organização da sua vida pessoal e familiar e na sua saúde.

Citando o Inquérito ao emprego do 2.º trimestre de 2018, a central sindical afirmou que 42% dos trabalhadores por conta de outrém raramente consegue, ou nunca consegue, alterar o seu horário de entrada ou de saída para dar assistência a filhos menores de 15 anos ou a familiares com mais de 15 anos.

"Não é por acaso que nos últimos anos cresceram exponencialmente os pedidos de horários flexíveis por parte de mães e pais trabalhadores: em 2018 a CITE emitiu 727 pareceres, 84% relativos à intenção de recusa por parte das entidades patronais do horário flexível a trabalhadores com filhos menores de 12 anos, a maioria dos quais pedidos por mães trabalhadoras", salientou o documento da CGTP.

Em 85% dos casos a CITE foi favorável ao pedido dos trabalhadores para flexibilizar o horário de trabalho.

Se nesta situação há alguma aproximação entre homens e mulheres, nas interrupções da carreira profissional já não é assim, pois 84,1% dos trabalhadores que interromperam a atividade profissional para cuidar de filhos menores de 15 anos eram mulheres, o que inclui a licença parental inicial.

Quando a interrupção profissional é para cuidar de familiares com mais de 15 anos, a percentagem de mulheres que o faz passa a ser de 78,4%.

No mesmo documento a Inter alertou para as consequências da intensificação dos ritmos de trabalho e dos longos horários para a saúde.

"As mulheres trabalhadoras continuam a ser as mais afetadas pelas doenças profissionais que, segundo a OIT, matam seis vezes mais trabalhadores a nível mundial que os acidentes de trabalho e deixam incapacitados milhares de trabalhadores", salientou.

Em Portugal as mulheres trabalhadoras representam 70% do total de casos de doenças profissionais certificada e a maioria das incapacidades resulta de lesões músculo-esqueléticas.

Além de continuarem a ganhar menos que os homens e ocuparem a maioria dos empregos precários, as mulheres são também as principais vítimas de assédio patronal.

Segundo a CGTP, mais de 850 mil trabalhadores já foram vítimas de perseguição e assédio no emprego e cerca de 650 mil foram vítimas de assédio sexual, sendo que 6,1% eram mulheres e 3,4% eram homens.

Estes são, entre outros, temas a abordar pela CGTP-IN na Semana da Igualdade, que incluirá iniciativas nos locais de trabalho e na rua.

Fátima Messias, dirigente da CGTP responsável pelas questões da Igualdade no Trabalho, disse à Lusa que vão ser promovidas mais de 1.000 iniciativas nos locais de trabalho, nomeadamente plenários e debates, e mais de 20 ações de rua, entre as quais cordões humanos, marchas e tribunas públicas.

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