Matereo vence segunda edição do prémio

Negócios 09 de janeiro de 2019

A empresa de engenharia de Coimbra sucede à Bitcliq no galardão que recusa "selecionar ideias num PowerPoint". As menções honrosas foram atribuídas à Josefinas, Polyanswer e Invisible Collector.

Por António Larguesa - Jornal de Negócios

A Matereo venceu a segunda edição do Prémio FLAD.EY BUZZ USA, uma iniciativa da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e da consultora EY, em parceria com o Negócios, para promover e apoiar o esforço de internacionalização de micro, pequenas e médias empresas portuguesas nos Estados Unidos da América.

Instalada no Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, a Matereo desenvolveu um sistema de monitorização de infraestruturas com inteligência preditiva, que permite a deteção precoce de danos e o fornecimento de diagnósticos estruturais precisos. A empresa criada em 2014 por quatro jovens engenheiros civis e mecânicos prevê começar a "instrumentar" as primeiras pontes no mercado ibérico em 2019.

Na cerimónia que decorreu a 20 de dezembro na sede da Fundação, em Lisboa, a organização atribui também três menções honrosas. Essas distinções foram entregues à Josefinas, um projeto de Braga especializado em sapatos rasos para mulher; à Polyanswer, uma produtora de fluidos dilatantes para proteção de impactos instalada nas Taipas; e à portuense Invisible Collector, cujo software recorre a inteligência artificial para interpretar o comportamento do cliente na interação com o credor.

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Distinções
Além da Matereo, a organização atribuiu menções honrosas à Josefinas, Polyanswer e Invisible Collector.



O Prémio FLAD.EY BUZZ USA destinava-se a jovens empresas constituídas há menos de cinco anos - podendo operar em qualquer setor de atividade mas com "preferência" pela área tecnológica -, e que já tivessem alguma experiência no relacionamento comercial com aquele mercado ou planos de curto prazo para abordar a maior economia do mundo.

O júri foi presidido por Jorge Gabriel, administrador da FLAD, juntando-se na equipa de avaliação o partner da EY, Miguel Farinha; a diretora-geral da Cisco Portugal, Sofia Tenreiro; Luís Manuel, administrador executivo da EDP Inovação; e Paulo Neves, antigo CEO da Altice Portugal, que é atualmente consultor independente em estratégia, desenvolvimento de negócio, média e finanças ("fintech").

Exigência e olho nos EUA

Miguel Farinha detalhou que a EY fez primeiro a seleção das dez finalistas e depois, para cada uma delas, recolheu e analisou informação - "fomos chatos a pedir mais detalhes, mas era para ter bases comparáveis entre as empresas", explicou o consultor - para preparar uma ficha técnica contendo o currículo dos empreendedores, um resumo da ideia de negócio e das mais-valias, a informação financeira histórica e prospetiva e uma avaliação do plano de negócios.

"Fomos muito exigentes no pedido de documentos para termos informação fidedigna. Não queríamos uma seleção com base num PowerPoint. Estas são empresas jovens, mas que já passaram da fase da ideia. Queríamos [atrair] negócios com alguma maturidade e que demonstrassem alguma capacidade de exportação para o mercado americano. Selecionar alguém que possa ser um operador nos EUA, instalando-se no mercado americano ou exportando para lá", acrescentou Jorge Gabriel, administrador da Fundação Luso-Americana.

Ao superar a concorrência de outros nove projetos finalistas, a Matereo sucede assim à Bitcliq, das Caldas da Rainha, que venceu a primeira edição do prémio criado em 2017. A empresa fundada por Pedro Manuel, que detém a plataforma de gestão de frotas de pesca "Big Eye Smart Fishing" e está também a apostar na rastreabilidade digital para seguir o peixe do mar até ao supermercado, passou uma temporada em San Diego, um grande centro para o negócio da pesca, reuniu com investidores e tecnólogos em Silicon Valley, passou por Seattle e ainda aproveitou os contactos feitos numa feira da especialidade para visitar potenciais parceiros no México e no Canadá. Perguntas a Ricardo Carmona
Co-fundador da Matereo

"Dá credibilidade e mais ímpeto para continuarmos a avançar"

O porta-voz da jovem empresa de engenharia frisa que a distinção "potencia em larga escala a internacionalização".

O que representa a vitória neste concurso?
É um potenciador fabuloso para a implementação da tecnologia e vai-nos potenciar em larga escala a internacionalização. E não só para os EUA porque isto, no fundo, é um selo de qualidade. Dá-nos responsabilidade. Esperamos ter um bom "feedback" no mercado americano, que é impressionante.

Por que é um mercado interessante para a Matereo?
Por um lado, aceita muito bem a tecnologia. Por outro, o governo americano vai fazer um grande investimento na reabilitação da sua estrutura viária. Os EUA têm um problema muito mais grave do que a Europa, onde cerca de 30% dos viadutos estarão em mau estado de conservação.

Como pretendem aproveitar esta temporada nos EUA?
Vamos tentar aprofundar os contactos. Já temos um iniciado com a Acellent Technologies, uma das líderes mundiais em tecnologia de monitorização, não só nas infraestruturas, mas também no aeroespacial e na aeronáutica. Vamos agendar uma reunião e tentar estabelecer alguma parceria porque além de serem produtores de tecnologia, instalam e fazem manutenção. E isso é exatamente o que vamos procurar lá: quem trate do nosso hardware para podermos exportar o software, a análise.

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