João Pimenta afirmou que os opositores a Bolsonaro estão preparados para iniciar imediatamente a "resistência" à repressão que adivinha no Brasil.
O eurodeputado do PCP João Pimenta afirmou hoje que a unidade entre o movimento progressista e democrático brasileiro e os partidos que apoiaram a candidatura de Fernando Haddad estão preparados para iniciar hoje a "resistência" à repressão no Brasil.
O político português falava à Lusa a partir de São Paulo, na sede de campanha do candidato presidencial Fernando Haddad (PT, esquerda) derrotado na segunda volta das eleições presidenciais brasileiras realizadas no domingo, garantindo que o ambiente que ali se vive é de "grande confiança", de "não baixar os braços" e com "um apelo já chamado à mobilização popular para que não se verifiquem retrocessos no Brasil".
"O ambiente é de não baixar os braços, de afirmar a grande importância deste resultado [do candidato Fernando Haddad], como uma forma também de dizer que estarão presentes e que seguirão num processo de resistência", afirmou o eurodeputado comunista, reagindo à eleição do candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro como novo Presidente do Brasil.
Uma resistência que pode ser feita, disse, "através das organizações de trabalhadores, de movimentos sociais ou institucionalmente, na diversidade e na polaridade de posições institucionais que foram ainda assim conquistadas".
O eurodeputado defendeu ainda que "há que registar aquilo que foi uma grande recuperação e um resultado muito expressivo na candidatura de Fernando Haddad".
"Uma votação muito expressiva, de mais de 45 milhões de votos", disse.
A candidatura de Fernando Haddad foi "alimentada por uma dinâmica muito importante de unidade entre o movimento progressista e democrático no Brasil e diversos partidos que se associaram a esta candidatura e que cria as condições para já amanhã [hoje] criar a afirmação de uma resistência àquilo que venham a ser medidas que procurem impor um Estado mais repressivo e de ataque aos direitos sociais", afirmou.
Para João Pimenta, o caminho que foi feito e que permitiu chegar ao resultado eleitoral deste domingo começa com "uma tremenda ofensiva do imperialismo por toda a América do Sul e, em particular no Brasil, que se materializou no golpe de 2016 [afastamento de Dilma Roussef] e numa total ofensiva contra direitos dos trabalhadores e direitos sociais nos últimos dois anos".
E foi essa "ofensiva" que criou as condições para alimentar "esta vaga e um projeto que tudo aponta aprofundar ainda mais essa ofensiva em torno de tudo o que são conquistas dos trabalhadores".
"A par disso, uma ofensiva muito grande contra a liberdade e a democracia e as diversas pressões de Bolsonaro ao longo da campanha e no próprio ato de afirmação da sua vitória", apontou.
João Pimenta aproveitou para manifestar a "solidariedade do Partido Comunista Português, com os comunistas, democratas e progressistas brasileiros que enfrentaram esta dura batalha e que estão disponíveis para, já amanhã, continuarem a defender a democracia, a liberdade e os direitos dos trabalhadores, num cenário que se afigura bastante difícil"
O candidato do Partido Social Liberal (PSL, extrema-direita) Jair Messias Bolsonaro, 63 anos, capitão do Exército brasileiro reformado, foi eleito no domingo, na segunda volta das eleições presidenciais, o 38.º Presidente da República Federativa do Brasil, com 55,1% dos votos.
De acordo com dados do Supremo Tribunal Eleitoral brasileiro, Fernando Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda), conquistou 44,9% dos votos, com o escrutínio provisório (99,99% das urnas apuradas) a apontar para 21% de abstenção do total de eleitores inscritos (mais de 147,3 milhões).
Numa declaração à porta de sua casa, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, ainda no domingo, o Presidente eleito prometeu que o seu Governo "será um defensor da Constituição, da democracia e da liberdade".
"Este é um país de todo nós, brasileiros natos ou de coração, de diversas opiniões, cores e orientações", disse Jair Bolsonaro.
O Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou no domingo uma "mensagem de felicitações" a Jair Bolsonaro, na qual se referiu aos "laços de fraternidade" bilaterais e à "significativa comunidade" portuguesa neste país.
Eurodeputado do PCP diz que "a resistência" começa hoje
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
A escola é um espaço seguro, natural e cientificamente fundamentado para um diálogo sobre a sexualidade, a par de outros temas. E isto é especialmente essencial para milhares de jovens, para quem a escola é o sítio onde encontram a única oportunidade para abordarem múltiplos temas de forma construtiva.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.