Quando o telefone toca na Europa, é Angela Merkel que atende. José Sócrates sabe isso e não se enganou no número.
A acreditar no que conta o "Guardian", a sua voz era desesperada. Não se consegue imaginar a cena porque ninguém vê Sócrates a implorar ajuda ou, mais modestamente, a pedir conselhos. Strauss-Kahn, o chefe do FMI, também não, porque o julga incapaz de seguir qualquer conselho que lhe seja dado: como opinião sobre Sócrates é mortal. A notícia, se existe, é essa: Sócrates a pedir ajuda e a empenhar a sua arrogância. Tudo em troca da sua sobrevivência política. Aparentemente, a senhora Merkel fez ouvidos de mercador, porque não se comove com a arte de falhar dos seus colegas. O problema é que Sócrates se considerava um CEO que distribuía benesses como se fossem rosas. Agora surge no papel de devedor, o que não é uma redenção fácil para quem costuma dar. Daniel Defoe, talvez o primeiro jornalista financeiro, escreveu em 1706: "Os devedores abusam dos credores, e os credores deixam morrer de fome e assassinam os seus devedores." Tudo tem a ver com o crédito, aquilo que considerava a irmã mais nova do dinheiro no mundo do comércio. Dizia Defoe: se a cortejares, ou a perdes ou então tens de a comprar a juros insensatos. Não se espera que a senhora Merkel nos queira ver a perecer à fome. Mas cortejá-la requer dotes de elegância que manifestamente Sócrates não tem. Por isso talvez o telefonema tenha decorrido noutros moldes. Nem Sócrates tem jeito para pedir, nem Merkel para ceder. Talvez por isso o episódio se pareça mais com um recado a Portugal.
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