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Rússia reitera que paga dívida externa em rublos

25 de maio de 2022 às 14:12

"A situação atual não tem nada em comum com a situação de 1998, quando a Rússia não tinha fundos suficientes para pagar as suas dívidas", disse o ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, citado no comunicado.

A Rússia vai pagar a dívida em rublos, disse hoje o Ministério das Finanças russo, depois de os Estados Unidos terem decidido pôr fim a partir de hoje a uma licença que permitia a Moscovo pagar as dívidas em dólares.

"Como a recusa de prorrogação desta licença torna impossível continuar a honrar a dívida externa em dólares, os reembolsos serão feitos em moeda russa com a possibilidade de os converter na moeda original através do depositário nacional de liquidação (NSD), que atuará como agente pagador", disse o ministério num comunicado.

O NSD é um organismo russo centralizado responsável pelo depósito de títulos financeiros negociados no país.

"O Ministério das Finanças russo, como mutuário responsável, assegura a sua vontade de continuar a honrar e a reembolsar todas as suas obrigações financeiras", diz o comunicado.

"A situação atual não tem nada em comum com a situação de 1998, quando a Rússia não tinha fundos suficientes para pagar as suas dívidas", disse o ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, citado no comunicado.

"Hoje temos o dinheiro, e a vontade de pagar também está lá", precisou o ministro, assegurando que "esta situação criada artificialmente por um país hostil não afetará a vida dos russos".

Na terça-feira, o Tesouro dos EUA anunciou que tinha decidido pôr termo a uma exceção que permitia a Moscovo pagar as suas dívidas em dólares a partir das 00:01 de hoje, hora de Washington.

Em vigor desde o início das sanções ocidentais contra a Rússia, adotadas em retaliação pela guerra na Ucrânia, esta exceção tinha permitido a Moscovo escapar ao incumprimento.

A exceção foi decidida por Washington para "permitir uma transição ordenada e para que os investidores pudessem vendar os seus títulos", explicou a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, na semana passada.

A secretário do Tesouro disse na altura que a exceção iria "provavelmente" terminar.

A medida de Washington entra em vigor dois dias antes do próximo prazo de pagamento de Moscovo, que é de pouco mais de 100 milhões de dólares em juros referentes a dois empréstimos obrigacionistas.

De acordo com o Wall Street Journal, citando a agência noticiosa oficial russa Tass, contudo, as autoridades já pagaram os juros.

Para além do prazo de 27 de maio, o Governo russo tem ainda 12 pagamentos a efetuar até ao final do ano.

A Rússia já não podia pagar a sua dívida com dólares detidos em bancos norte-americanos, como parte das sanções mais rigorosas impostas pelos EUA em 5 de abril.

A governadora do banco central da Rússia, Elvira Nabiullina, reconheceu em 29 de abril que Moscovo enfrentava "dificuldades de pagamento", mas recusou-se a falar de um possível incumprimento.

De acordo com o Ministério das Finanças russo, a dívida externa da Rússia ascende a cerca de entre 4.500 mil milhões de rublos e 4.700 mil milhões de rublos (cerca de entre 78 a 81 mil milhões de dólares à taxa de câmbio atual), ou seja 20% da dívida pública total.

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