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Interrompida audição de advogado da mãe das gémeas no Parlamento

Lusa 28 de junho de 2024 às 15:37

O advogado invocou no início o estatuto da Ordem dos Advogados, dizendo ser obrigado ao sigilo profissional. Não quis depor.

A audição de Wilson Bicalho, o advogado da mãe das gémeas, foi interrompida após um pedido dos partidos perante Bicalho não ter querido depor. 

Rui Paulo Sousa, presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, aceitou. "Lamento a sua atitude. Não fez chegar o parecer da Ordem dos Advogados a tempo. Para além da falta de respeito que teve com os deputados, com a CPI e com o Parlamento. O comportamento foi inaceitável", afirmou o deputado do Chega. "Cada não exista esse parecer, proponho que seja apresentado uma queixa à Ordem dos Advogados e ao Ministério Público."

O advogado da mãe das gémeas tratadas com o medicamento Zolgensma fez hoje uma intervenção inicial na comissão de inquérito, mas pediu que a audição continuasse à porta fechada, proposta que foi rejeitada pelos partidos.

No final da sua intervenção inicial, Wilson Bicalho invocou o direito à imagem e ao bom nome para pedir que a reunião continuasse sem a presença da comunicação social e sem transmissão pública.

O advogado invocou também o estatuto da Ordem dos Advogados, dizendo ser obrigado ao sigilo profissional.

Nenhum dos partidos anuiu e este pedido foi rejeitado por unanimidade.

José Sena Goulão/Lusa

Comissão suspende trabalhos no mês de agosto

Os trabalhos da comissão de inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras vão decorrer até 26 de julho, sendo suspensos durante o mês de agosto, e retomam no dia 10 de setembro, aprovaram hoje os partidos.

A deliberação da interrupção dos trabalhos foi conhecida antes de ser ouvido o advogado da mãe das crianças, Wilson Bicalho.

Em relação à aprovação das audições aos ex-ministros Augusto Santos Silva e Francisca Van Dunem, propostas por IL e Chega, o Grupo Parlamentar do PS pediu o adiamento da votação.

Os partidos políticos também votaram favoravelmente para ouvir os representantes da companhia de seguros brasileira Amil Assistência Médica Internacional LTD à data dos factos a pedido do PSD.

"As deputadas e os deputados do Partido Social Democrata vêm pelo presente requerer a documentação relativa à celebração do contrato de seguro de saúde em causa, a apólice, com eventuais anexos donde conste a data de celebração do seguro, o objeto e a respetiva cobertura e/ou tomadores do seguro e seus beneficiários", lê-se no documento, ao qual a agência Lusa teve acesso.

"Requerem, ainda, e caso a empresa não disponha de representação em Portugal, que os dirigentes máximos (nomeadamente o respetivo CEO) sejam ouvidos por videoconferência para obter informações e prestar esclarecimentos sobre o seu interesse e acompanhamento do processo no Brasil e em Portugal", acrescenta o PSD.

Em causa no processo, que tem como arguidos o ex-secretário de Estado da Saúde Lacerda Sales e Nuno Rebelo de Sousa, filho do Presidente da República, está o tratamento hospitalar das duas crianças luso-brasileiras que receberam o medicamento Zolgensma. Com um custo de dois milhões de euros por pessoa, este fármaco tem como objetivo controlar a propagação da atrofia muscular espinal, uma doença neurodegenerativa.

O caso está ainda a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República, mas a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde já concluiu que o acesso à consulta de neuropediatria destas crianças foi ilegal.

Também uma auditoria interna do Hospital Santa Maria concluiu que a marcação de uma primeira consulta hospitalar pela Secretaria de Estado da Saúde foi a única exceção ao cumprimento das regras neste caso.

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