Secções
Entrar

Primeiros migrantes do Aquarius chegaram ao porto de Valência, em Espanha

17 de junho de 2018 às 08:34

O porto de Valência está preparado para receber a chegada repartida de 630 migrantes que viajam a bordo de três barcos.

Os primeiros migrantes socorridos pelo navio Aquarius, da organização não-governamental SOS Mediterranée, começaram hoje a chegar ao porto de Valência, em Espanha, revelaram as agências internacionais.

1 de 5
Foto: Reuters
Foto: Reuters
Foto: Reuters
Foto: Reuters
Foto: Reuters

Segundo a agência France Presse, os primeiros migrantes do navio Aquarius chegaram ao porto de Valência pelas 05:33 (hora portuguesa), ao passo que a agência EFE descrevia, à mesma hora, que a silhueta branca do Dattilo, o barco de patrulha da guarda costeira italiana em que viajaram 274 migrantes estava já alinhada na entrada do porto de Valência, onde deverá atracar às 07:00, depois oito dias de travessia.

O porto de Valência está preparado para receber a chegada repartida de 630 migrantes que viajam a bordo de três barcos: 274 no Dattilo, 106 no Aquarius (que será o segundo a chegar) e 250 no navio da armada italiana Orione, o último que está previsto entrar no porto espanhol.

Estava previsto que o navio Aquarius, da organização não-governamental SOS Mediterranée, aportasse hoje em Valência, Espanha, com 629 migrantes a bordo, após uma odisseia de vários dias.

A chegada do navio a Valência deve-se a uma oferta do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, que disse ser necessário "evitar uma tragédia humanitária".

O Governo de Itália recusou no dia 10 autorizar o Aquarius a desembarcar num porto italiano os 629 migrantes, resgatados do mar em várias operações durante o dia anterior.

A Itália defendeu que devia ser Malta a acolher os migrantes, entre os quais há 123 menores, mas as autoridades maltesas sustentaram que a responsabilidade era de Itália porque as operações de salvamento dos migrantes ocorreram numa zona marítima coordenada por Roma.

Face ao impasse, a Espanha ofereceu-se, no dia 11, para acolher os migrantes, tendo o Aquarius efectuado a viagem em direcção a Valência escoltado por duas embarcações da Marinha italiana, com as quais repartiu os migrantes que se encontravam a bordo.

As relações diplomáticas franco-italianas foram postas à prova depois do Presidente francês, Emmanuel Macron, ter criticado o "cinismo e irresponsabilidade" do Governo de Itália por recusar receber o Aquarius.

Para Macron, o governo italiano agiu segundo "uma forma de cinismo e uma parte de irresponsabilidade", porque "o Direito Marítimo" determina que, "em caso de socorro, é a costa mais próxima que assume a responsabilidade do acolhimento".

Em resposta, o ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, líder da Liga (extrema-direita) exigiu desculpas de França após as declarações de Emmanuel Macron, tendo sido evocada uma eventual anulação da visita que o primeiro-ministro de Itália, Giuseppe Conte, tinha marcada para sexta-feira passada à capital francesa.

Em Paris, o Eliseu, residência oficial do Presidente francês, disse não ter recebido qualquer informação do Governo italiano sobre um pedido de desculpas ou possível anulação da visita de Giuseppe Conte.

A visita de Conte a Paris realizou-se mesmo, tendo o chefe do Governo italiano e o Presidente francês defendido uma "reforma profunda" da relação com os países de origem dos migrantes, através nomeadamente da instalação de centros europeus nesses países que facilitem a regulação do fluxo de chegadas.

Entretanto, a França irá acolher migrantes do Aquarius, depois de uma análise à sua situação em Espanha, anunciou sábado o Governo espanhol.

"O Governo francês colaborará com o Governo espanhol no acolhimento dos migrantes do Aquarius", anunciou a vice-presidente do executivo espanhol, Carmen Calvo, num comunicado.

O Ministério da Defesa espanhol revelou que, sábado de manhã, o navio-patrulha da Marinha espanhola Vigía iniciou a escolta para o porto de Valência do Aquarius e dos dois navios italianos que têm a bordo os 629 imigrantes resgatados na costa da Líbia.

Mais de 2.300 pessoas constituem o dispositivo de recepção aos 629 migrantes, anunciou a Cruz Vermelha em Valência.

Farão parte do dispositivo coordenado pela Cruz Vermelha, ao longo de todo o fim de semana, mais de um milhar de pessoas, tanto profissionais como voluntários, trabalhando em turnos de 10 a 12 horas.

Segundo o porta-voz da Cruz Vermelha, entre estas 1.000 pessoas estará definido também um grupo de 70 a 100 com formação e preparação para lidar com emergências semelhantes.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela