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Portugueses em Moçambique pedem segurança e apoio financeiro

21 de março de 2019 às 16:31

O pedido foi expresso numa carta assinada por 51 cidadãos portugueses, a maior parte empresários que dizem dar emprego a 800 pessoas.

Os portugueses residentes na cidade da Beira, Moçambique, pediram hoje segurança e linhas de crédito de apoio ao secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, que visita a região destruída pelo ciclone Idai.

O pedido foi expresso numa carta assinada por 51 cidadãos portugueses, a maior parte empresários que dizem dar emprego a 800 pessoas.

"Este é um documento não emotivo, mas sim uma exigência que deve ser tomada em conta pelo Governo português", referiu Joaquim Vaz, empresário que falou num encontro mantido esta manhã com o governante.

Entre os principais pedidos está que Portugal indique uma força especial para garantir a proteção dos portugueses na Beira, agora que estão mais vulneráveis numa cidade sem eletricidade, nem outros serviços básicos.

Pediram ainda a criação de uma linha de crédito que os possa apoiar em casos urgentes e no esforço de reconstrução que se segue.

No encontro, a comunidade pediu maior presença do consulado português, que acusou de pouco ou nada ter feito para os ajudar.

Os portugueses disseram não entender porque é que, até agora, os consulados não têm telefone satélite para casos de emergência.

"Não se pode pensar que Portugal tem autonomia para chegar aqui e designar forças especiais para proteger só os portugueses", respondeu o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro.

"Isso depende das autoridades moçambicanas. Moçambique tem liberdade para pedir apoio em áreas especiais", acrescentou, sublinhando que "Portugal é um parceiro que é chamado a cooperar quando necessário".

José Luís Carneiro classificou como uma boa possibilidade a criação de uma linha de apoio financeiro e até interrompeu a reunião para falar através de um telefone satélite com serviços do Governo, em Lisboa.

Enquanto as decisões se prepararam, o governante fez um apelo "à acalma e sensatez".

A passagem do ciclone Idai em Moçambique, Maláui e Zimbabué provocou perto de 400 mortos, segundo balanços provisórios divulgados pelos respetivos governos desde segunda-feira.

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, decretou o estado de emergência nacional na terça-feira e disse que 350 mil pessoas "estão em situação de risco".

Moçambique cumpre hoje o segundo de três dias de luto nacional.

A Cruz Vermelha Internacional indicou que pelo menos 400.000 pessoas estão desalojadas na Beira, considerando que se trata da "pior crise" do género em Moçambique.

O Idai, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora, atingiu a Beira (centro de Moçambique) na noite de 14 de março, deixando os cerca de 500 mil residentes na quarta maior cidade do país sem energia e linhas de comunicação.

O Governo português anunciou que 30 cidadãos nacionais residentes na Beira estão por localizar.

O primeiro de dois aviões C-130 da Força Aérea Portuguesa, com uma Força de Reação Imediata constituída por 25 fuzileiros, dez elementos do Exército, três da Força Aérea e dois da GNR (equipa cinotécnica), é esperado hoje na Beira, para apoiar as operações de busca e salvamento.

No centro e norte de Moçambique há mais de 6.000 portugueses inscritos nos serviços consulares, estimando-se que 2.500 residam na Beira, a zona mais afetada, segundo os serviços consulares.

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