Portas diz que democracia "está transformada numa gritaria"
O antigo vice-primeiro-ministro e ex-líder do CDS-PP critica que atualmente se governe "dependente da gritaria das redes" sociais, defendendo que assim fica difícil "garantir condições de bom governo".
O antigo vice-primeiro-ministro e ex-líder do CDS-PP, Paulo Portas, considerou hoje que a democracia "está transformada numa gritaria" e que atualmente se governa "dependente da gritaria das redes" sociais, criticando essa prática.
"A democracia está, em certo sentido, transformada numa gritaria, onde não há nem longo prazo nem passado, é tudo um instante. Uma indignação e uma emoção, apenas a última antes da próxima", afirmou Paulo Portas.
O centrista abriu hoje o segundo e último dia de trabalhos da terceira convenção do Movimento Europa e Liberdade (MEL), com uma intervenção com o mote "O mundo pós-covid: riscos e oportunidades".
Na sua intervenção, de cerca de 40 minutos e que foi ouvida pelo antigo primeiro-ministro e ex-líder do PSD Pedro Passos Coelho, Portas salientou que desta forma será difícil "garantir condições de bom governo".
"Hoje em dia governa-se para os 'likes' [gostos], não se governa para o sentido comum e para o interesse geral. Hoje em dia governa-se dependente da gritaria nas redes, isso prejudica a capacidade de convivência de uma democracia e perverte o essencial da convicção democrática", criticou o antigo governante, apontando que este "é essencialmente um fenómeno americano e um fenómeno europeu".
Na ótica do antigo vice-primeiro-ministro, "as organizações das vanguardas nas redes sociais no plano estritamente político, levam ao triunfo das opções mais extremas e à rarefação da moderação, porque ninguém tem 'likes' por ser moderado e ninguém é aplaudido por procurar um compromisso".
"Eu não sei onde é que isto nos levará, mas certamente não à democracia representativa como nós a conhecemos", alertou igualmente.
Na sua intervenção, Paulo Portas vincou ainda que "esta crise provou que os governos direta ou indiretamente populistas não sabem gerir situações complexas" e argumentou que dos "12 piores casos do mundo" no que toca a contágios e mortes pela pandemia de covid-19, em números proporcionais à população, "nove têm ou tiveram durante o ano de 2020 e caminho de 2021 governos populistas ou governos de coligação com populistas à esquerda e à direita".
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