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Movimento Vida Justa promove em 24 de novembro Assembleia Popular dos Bairros

Lusa 27 de outubro de 2024 às 10:55

O objetivo é fazer um levantamento de reivindicações comunitárias e sociais na Área Metropolitana de Lisboa.

O movimento Vida Justa vai promover uma Assembleia Popular de Bairros, no Centro Cultural de Carnide, em Lisboa, em 24 de novembro, com o objetivo de fazer um levantamento de reivindicações comunitárias e sociais na Área Metropolitana de Lisboa.

Segundo disse à Lusa o porta-voz do Vida Justa, Nuno Ramos de Almeida, o movimento está a trabalhar "há dois meses" na organização da Assembleia Popular dos Bairros, que se realizará em 24 de novembro no Centro Cultural de Carnide, no Bairro Padre Cruz, o maior bairro de habitação social de Lisboa.

"Pretendemos construir aquilo que fazemos, e a nossa atividade, a partir daquilo que são as reivindicações dos bairros, há coisas que obviamente são coisas grandes, complicadas, políticas, mais aprofundadas, mas há coisas pequenas, por exemplo, conseguir uma carreira [de autocarro] num bairro para nós é uma vitória", explicou Nuno Ramos de Almeida.

O porta-voz revelou que o movimento já conseguiu fazer passar carreiras "em alguns bairros, negociando diretamente com a Carris Metropolitana", mas outras causas passam também por "conseguir que não haja despejos em alguns sítios", e através de coisas pequenas, médias e grandes "tentar construir um programa político a partir dos bairros".

Entre as carências sentidas pelos bairros figuram os equipamentos, mas também "a degradação das casas, no caso dos bairros camarários", devido à ausência de manutenção, e ainda "questões relacionadas com a educação, as infraestruturas públicas que não existem, os transportes", apontou.

"Normalmente dividimos isto em cinco áreas, a habitação, preços, transportes, violência policial e salários. Isto são as cinco áreas de trabalho e depois há uma que faz uma espécie de chapéu, que é dar mais poder aos bairros, as populações dos bairros terem poder político, terem capacidade de influenciar o poder político", salientou Nuno Ramos de Almeida.

"Por exemplo, em Lisboa vivem nos bairros camarários e sociais 20% da população, no entanto, não influenciam 20% das políticas", acrescentou.

O representante do Vida Justa referiu que no encontro devem participar "associações que têm presença nos bairros" e embora elementos das juntas locais também possam estar presentes, a principal "preocupação é que sejam sobretudo os bairros a decidir, consultando as coletividades, associações e entidades locais".

O movimento Vida Justa assume-se como organização que luta pela "justiça social, contra a repressão policial, por condições de vida digna" nas comunidades, através de menos renda, mais transportes e mais salário.

Após ações em defesa do direito à habitação e antirracismo, o Vida Justa promoveu weste sábado uma manifestação "contra a violência policial nos bairros e em homenagem a Odair Moniz", o cidadão cabo-verdiano que morava no Bairro do Zambujal, na Amadora, e que morreu na madrugada de segunda-feira baleado por um agente da PSP no Bairro da Cova da Moura.

A manifestação do Vida Justa teve início às 15:00, no Marquês de Pombal, e terminou na Praça dos Restauradores, depois do movimento ter alterado o percurso inicial até à Assembleia da República, para não se encontrar com a contramanifestação do Chega, que teve início na Praça do Município e terminou no parlamento.

Odair Moniz, de 43 anos, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial e "entrou em despiste" na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação "séria e isenta" para apurar responsabilidades, considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias.

A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.

Desde a noite de segunda-feira, após a morte de Odair Moniz, registaram-se desacatos no Zambujal e, desde terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados e apedrejados autocarros, automóveis e caixotes do lixo.

A PSP registou na Área Metropolitana de Lisboa pelo menos 123 ocorrências de distúrbios na via pública e deteve 21 pessoas, e identificou outras 19, verificando-se sete feridos, um dos quais com gravidade.

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