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Maria das Dores Meira quer três milhões de euros do Governo

11 de junho de 2015 às 16:44

A autarca de Setúbal quer que o executivo se responsabilize pela recuperação do Convento de Jesus, encerrado há 23 anos devido ao mau estado

A presidente da Câmara de Setúbal, Maria das Dores Meira, apelou hoje ao Governo para que disponibilize os três milhões de euros necessários para a recuperação total do Convento de Jesus, classificado como monumento nacional desde 1910.

 

"Estamos a pedir ao Governo que assuma a sua responsabilidade de dono deste edifício, que é património nacional, não património municipal", disse a autarca aos jornalistas durante uma visita às obras realizadas na primeira fase de recuperação do convento, que permitiram estabilizar a estrutura geral de todo o edifício.

 

"Estamos a falar de três milhões de euros, uma vez que os outros três milhões de euros são do QREN [Quadro de Referência Estratégico Nacional]", acrescentou, lembrando que a verba necessária para a reabilitação total daquele monumento, encerrado há 23 anos devido ao estado de degradação em que se encontrava, é de seis milhões de euros.

 

Maria das Dores Meira lembrou também que, há cerca de dois anos, o Governo "deu a palavra à Europa Nostra, uma organização vocacionada para a preservação do património europeu, de que já tinha assegurado o dinheiro necessário para a recuperação do convento, quando o imóvel foi considerado como um dos sete monumentos europeus mais ameaçados".

 

A Câmara de Setúbal assumiu a liderança do processo de requalificação do Convento de Jesus após a assinatura de um protocolo com a Direcção-Geral de Património e Cultura (antigo IGESPAR - Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico), que, por incapacidade orçamental para a realização das obras, cedeu a posição de beneficiário da candidatura comunitária ao município setubalense.

 

As intervenções já realizadas no Convento de Jesus centraram-se na ala poente do primeiro piso, que acolhe o acervo do Museu de Setúbal, mas também permitiram estabilizar toda a estrutura do edifício, que vai reabrir ao público este mês, 23 anos depois de ter sido encerrado.

 

O autor do projecto, o arquitecto Carrilho da Graça, que também acompanhou a visita às obras já realizadas no Convento de Jesus, destacou a recuperação de azulejos e dos pavimentos cerâmicos, a limpeza e o restauro de pinturas murais e trabalhos em madeira, bem como a recuperação do claustro e da sala do capítulo, esta última ainda a decorrer.

 

"A Sala do Capítulo, do período do Alto Renascimento (séculos XVI e XVII), que é atribuída a António Rodrigues, arquitecto da Corte de Filipe II (Filipe I de Portuga), apresenta características diferentes do resto do convento", disse Carrilho da Graça, assumindo que está "satisfeito" com os trabalhos já realizados para a recuperação e requalificação do Convento de Jesus. 

 

A primeira fase das obras realizadas no Convento de Jesus, no valor global de 3,2 milhões de euros, vai permitir a reabertura ao público da área já recuperada a partir do dia 20 de Junho.

 

Algumas zonas do Convento vão permanecer fechadas ao público até que seja possível realizar todas as obras que ainda são necessárias para a recuperação total do imóvel, onde se incluiu a remodelação da Praça do Convento.

 

A presidente da Câmara de Setúbal assegurou, no entanto, que vai continuar a desenvolver esforços para arranjar os seis milhões de euros que ainda faltam para a recuperação total do Convento de Jesus.

 

O Convento de Jesus, monumento nacional do período manuelino, foi o local escolhido para a ratificação do Tratado de Tordesilhas que dividiu o mundo entre Portugal e Espanha, em 1494.

 

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