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Luaty Beirão perdeu 23 quilos devido à greve de fome

27 de outubro de 2015 às 15:48

A informação veio da mulher, Mónica Almeida, que já visitou o activista depois deste anunciar o fim da greve de fome

O activista angolano Luaty Beirão perdeu 23 quilos na greve de fome que hoje terminou, iniciando agora "batalhas" pela recuperação física e para provar a inocência em tribunal, disse a mulher, Mónica Almeida, em entrevista à Lusa, em Luanda.

"Percebeu que realmente o objectivo dele já estava alcançado e que agora tem que se preparar para o próximo passo. É uma decisão que ele tomou por causa de um somatório de acontecimentos, de apelos, e está normal. Tem que recuperar, porque foram 36 dias sem comer", explicou à Lusa a esposa, após visitar Luaty Beirão na clínica privada onde o activista está sob detenção, assumindo o "alívio" da família, face ao agravar do seu estado de saúde.

De acordo com a mulher, os apelos da sociedade civil, as vigílias e as "cartas dos colegas", os restantes 14 activistas detidos no mesmo processo, suspeitos de preparação de uma rebelião em Angola, foram "decisivas para o fim da greve de fome", numa altura em que orapper pesa 62 quilogramas, menos 23 do que quando iniciou a greve de fome, a 21 de Setembro, exigindo aguardar julgamento em liberdade.

"Está a recuperar, mas continua convicto", explicou Mónica Almeida, reconhecendo que, agora, com a família "mais aliviada", começam novas batalhas para Luaty Beirão, iniciando um processo de realimentação, durante alguns dias, com base em líquidos.

"Na verdade são duas [batalhas]. Recuperar a forma física e o julgamento", admitiu.

"Todos os minutos pesavam e pensávamos que pudesse acontecer o pior. Agora estamos bastante mais aliviados, sim", confessou Mónica Almeida, apesar de ainda apreensiva com os mais de 20 quilogramas perdidos por Luaty Beirão em 36 dias de greve de fome.

O músico e activista, que também tem nacionalidade portuguesa, é um dos 15 angolanos em prisão preventiva desde Junho, sob acusação de actos preparatórios para uma rebelião em Angola e um atentado contra o Presidente da República.

Os restantes 14 aguardam julgamento no hospital-prisão de São Paulo, em Luanda, tendo Luaty Beirão pedido anteriormente para sair da clínica privada onde se encontra por precaução para se juntar aos colegas, em solidariedade.

"O julgamento é daqui a 20 dias e para quem esteve em greve de fome é muito pouco para recuperação. Mas certamente que vai estar melhor do que se estivesse em greve de fome", disse ainda Mónica Almeida.

O rapper e activista angolano terminou hoje a greve de fome de protesto, mas avisou que não vai desistir de lutar pelo fim da "greve humanitária e de Justiça" em Angola.

"Estou inocente do que nos acusam e assumo o fim da minha greve. Sem resposta quanto ao meu pedido para aguardamos o julgamento em liberdade, só posso esperar que os responsáveis do nosso país também parem a sua greve humanitária e de justiça", afirma Luaty Beirão, na carta enviada pela família à Lusa e na qual anuncia o fim da greve de fome, que na segunda-feira completou 36 dias.

"À sociedade: Não vou desistir de lutar, nem abandonar os meus companheiros e todas as pessoas que manifestaram tanto amor e que me encheram o coração. Muito obrigado. Espero que a sociedade civil nacional e internacional e todo este apoio dos medianão pare", escreve Luaty Beirão na mesma declaração, sob o título "Carta aos meus companheiros de prisão".

De acordo com Mónica Almeida, por instruções de Luaty, a filha de ambos, com dois anos, vai continuar sem visitar o pai.

"Não quer que a filha o veja nessas condições, deitado numa cama. Se tudo correr bem, o melhor é regressar a casa e a filha vê-lo entrar da mesma forma que o viu sair, pela última vez, a 20 de Junho", concluiu a esposa.

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