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Investigadores no Porto criam tecnologia que calcula a fadiga dos condutores

17 de maio de 2018 às 12:09

O projecto do INESC TEC, Facial Analytics, permite extrair informação a partir dos rostos dos condutores através de um demonstrador facial.

Investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) estão a desenvolver um demonstrador facial que permite extrair informação a partir dos rostos dos condutores, para avaliar o seu estado de fadiga.

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Foto: Manuel Breva Colmeiro

O objectivo do Facial Analytics é extrair informação sobre a orientação da cabeça, pontos característicos na face - e valores calculados a partir destes pontos -, batimento cardíaco (obtido pelas variações na cor da pele) e a direcção do olhar, avaliando de seguida o estado de fadiga do condutor, disse à Lusa o investigador do INESC TEC Jaime Cardoso, um dos responsáveis pelo projecto.

Segundo indicou, caso existam sensores adicionais nos veículos (no volante ou no assento) que permitam medir a actividade eléctrica do coração (electrocardiograma ou ECG), essa tecnologia pode estar integrada, "para caracterizar com mais robustez o estado de fadiga".

Este tipo de funcionalidades pode ser aplicado em qualquer veículo no futuro, referiu o investigador, salientando que a análise do estado físico do condutor permite aumentar a segurança rodoviária.

"Combinando o reconhecimento do condutor com a análise da fadiga, podemos personalizar e optimizar os algoritmos para cada condutor, particularmente interessante em empresas de transportes em que os condutores trabalham por turnos e o condutor de um dado veículo muda constantemente", explicou o docente da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

De acordo com o investigador, a informação visual do condutor é recolhida a partir de um vídeo, capturado através de uma câmara colocada na parte superior do para-brisas. Essa informação é então analisada, automaticamente e em tempo real, pelo demonstrador facial.

Para transformar a informação extraída dos sensores em informação com significado semântico (fadiga, emoção e identidade, por exemplo), os responsáveis utilizam metodologias de inteligência artificial e demachine learning (algoritmos de aprendizagem automática).

Além da análise do estado físico, a equipa trabalha noutras duas linhas de investigação em análise facial: reconhecimento biométrico (potenciando aplicações de controlo de acessos) e análise do estado emocional (com aplicações em sistemas de interacção homem-máquina, realidade virtual e impacto de eventos nas audiências, entre outros).

Jaime Cardoso referiu que, embora já exista algum trabalho na análise da fadiga dos condutores, este é ainda embrionário.

Ao associar as informações do ECG (obtida de forma transparente para o condutor, através de um sensor no volante), do vídeo (conseguida de forma não intrusiva) e do próprio veículo (como a evolução da posição angular do volante ao longo do tempo), a equipa espera melhorar todo o processo de avaliação do estado físico do condutor.

Este trabalho, que se encontra numa fase inicial, está a ser realizado em colaboração com a empresa Cardio-ID e inclui os investigadores do INESC TEC Licínio Oliveira (na análise da fadiga), Pedro Ferreira e Filipe Marques (na análise das emoções) e Ana Rebelo.

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