"Com Bolsonaro, o Brasil corre o risco de entrar numa ditadura"
O investigador brasileiro da Universidade do Minho Sergio Denicoli considera que existe uma grande possibilidade de o Brasil abolir o congresso.
O investigador brasileiro da Universidade do Minho Sergio Denicoli considera que existe uma grande possibilidade de oBrasil entrar numa ditadura e abolir o congresso caso o candidato presidencial da extrema-direita, JairBolsonaro, vença as eleições.
"Bolsonaro é um candidato que não está atento às questões partidárias. No próximo congresso, estão-se a desenhar algumas bancadas muito fortes, como a bancada dos militares, que já é uma bancada alinhada a ele (Bolsonaro), a bancada evangélica cristã que também é muito alinhada a ele", disse Sergio Denicoli, em entrevista à agência Lusa.
"O vice de Bolsonaro (General Mourão) chegou a dizer que seria interessante que houvesse uma constituição de notáveis, que não passasse pelo congresso". E "todos os discursos são sempre de redução do sistema partidário que é o que sustenta o sistema democrático", analisou Denicoli.
O investigador brasileiro considera ainda que os brasileiros "não iriam ficar muito impressionadas" caso Bolsonaro propusesse um encerramento do congresso e "talvez até apoiassem" essa decisão devido ao fraco desempenho do congresso brasileiros nos últimos anos.
Caso vença as eleições, o candidato do Partido Social Liberal (PSL) terá garantido um suporte militar, através do apoio das Forças Armadas, suporte económico, com o apoio do agro-negócio, por exemplo, e suporte religioso, com as igrejas evangélicas a prestarem publicamente o seu apoio, como é o caso do Bispo Edir Macedo, líder da IURD (Igreja Universal do reino de Deus).
Para o investigador da Universidade do Minho, o apoio público de Edir Macedo a Bolsonaro pode ter sido um dos grandes motivos para a subida do candidato do PSL nas mais recentes sondagens.
"Edir Macedo é o dono da Igreja Universal e da rede Record. É um grande empresário brasileiro e é um religioso que movimenta muita gente, e quando ele fala que apoia o Bolsonaro ele está simbolizando que todas as pessoas que estão ligadas à estrutura dele podem estar simpáticas à candidatura, e isso tem um peso muito grande" afirmou Denicoli.
No entanto, o investigador brasileiro acredita que esta eleição não ficará resolvida na primeira volta, devido à grande taxa de rejeição que o candidato da extrema-direita obtém (mais de 40%).
Sergio Denicoli, que também é director da AP/Exata, uma empresa de inteligência digital e análise de dados, analisa o comportamento dos apoiantes de cada partido nas redes sociais, e afirma que nunca viu uma campanha política tão forte e organizada como a de Jair Bolsonaro.
"A militância de Bolsonaro é muito mais ativa do que a militância de qualquer outro candidato. Eles têm uma militância na rede extremamente forte. Quando eles viram a possibilidade das ruas serem tomadas por pessoas ligadas o movimento #elenão, eles mobilizaram-se muito rapidamente e conseguira, no domingo, fazer um movimento de apoio ao Bolsonaro. Várias cidades tiveram aos ruas tomadas em apoio a esse candidato.
O movimento #elenão foi uma manifestação levada a cabo, primeiramente, por mulheres na rede social facebook contra o candidato populista. No passado sábado, os protestos passaram para as ruas de todo o país, mobilizando milhares de pessoas.
No domingo foi a vez dos apoiantes de Bolsonaro se agruparem em prol do candidato do PSL à presidência brasileira.
A primeira volta das eleições Presidenciais está marcada para dia 07 de Outubro, enquanto que a segunda volta decorrerá a 28 deste mês.
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