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Assinaturas escondidas decifram autenticidade de quadro perdido de Klimt

03 de abril de 2018 às 12:17

Feito foi alcançado por investigadores da Universidade de Coimbra e de instituições da Alemanha, Espanha e Japão.

Investigadores da Universidade de Coimbra e de instituições da Alemanha, Espanha e Japão decifraram assinaturas escondidas de um dos primeiros quadros do pintor austríaco Gustav Klimt, que se julgava perdido, pondo fim à forte polémica em torno desta obra.

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Foto: Direitos Reservados
Gustav Klimt
Foto: Omar Marques/Anadolu Agency/Getty Images
Gustav Klimt
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Gustav Klimt
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"Após cinco anos de intensos estudos, uma equipa internacional de investigadores", inicialmente das universidades de Coimbra (UC), de Hannover e de Mainz (Alemanha) e de Valladolid (Espanha)", a que se juntaram mais recentemente as universidades japonesas de Shizuoka, Tsukuba, Yokohama e Tokushima, atesta a autenticidade do quadro Trumpeting Putto, de Gustav Klimt, revelou a universidade.

A autenticação de Trumpeting Putto, uma das primeiras obras do pintor simbolista Gustav Klimt (1862-1918), que se "julgava perdida", põe fim a "uma forte polémica em torno desta obra de arte", salienta a UC.

"Das várias provas obtidas pelos cientistas durante as extensas e complexas análises, destaca-se a descoberta de duas assinaturas autênticas do [também] autor do famoso quadro O Beijo, escondidas na frente e verso da obra".

A discussão começou em 2012, quando o coleccionador Josef Renz adquiriu o quadro, que "tinha sido encontrado numa garagem do norte da Áustria", refere a UC, recordando que, na ocasião, "peritos e historiadores de arte vieram a público questionar a autenticidade da obra, promovendo acesas discussões".

Perante a controvérsia, noticiada em órgãos de comunicação social de todo o mundo, "foi decidido solicitar a intervenção de cientistas para esclarecer a autenticidade de Trumpeting Putto, obra que fez parte do tecto do estúdio Klimt, em Viena, onde o pintor viveu com seu irmão Ernst entre 1883 e 1892", adianta ainda a UC.

A obra desapareceu quando "um elevador foi instalado no edifício e julgava-se que tinha sido destruída", acrescenta.

Benilde Costa, docente e investigadora do Departamento de Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, que integra a equipa multidisciplinar responsável por estudar a obra, é especialista em espectroscopia de Mössbauer e aplicou esta técnica no estudo do quadro, utilizando um espectrómetro portátil cedido pela agência norte-americana NASA (sigla em inglês de National Aeronautics and Space Administration/Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço).

A espectroscopia de Mössbauer, explica Benilde Costa, "permitiu identificar os pigmentos usados na pintura sem ser necessária a extracção de amostras da obra".

O quadro, que foi completamente restaurado, vai ser apresentado na quarta-feira, em conferência de imprensa a realizar às 10:30 (hora local), no Museu Sprengel Hannover (Kurt-Schwitters-Platz), durante a qual "os especialistas vão explicar todo o trabalho científico que permitiu esclarecer a autenticidade da obra que se pensava perdida", indica a UC.

"O trabalho Trumpeting Putto é uma grande pintura circular com um diâmetro de cerca de 1,70 metros", refere UC, sublinhando que "decifrada a sua autenticidade, os estudos prosseguem, agora com a colaboração das polícias criminais alemã e austríaca, dado tratar-se de um quadro extremamente valioso".

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