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Afegã faz história com inédita medalha para equipa de refugiados nos Paralímpicos

Lusa 30 de agosto de 2024 às 10:31

"Esta medalha é para todas as mulheres do Afeganistão e todos os refugiados do mundo. Espero que um dia haja paz no meu país", afirmou Zakia Khudadadi.

A afegã Zakia Khudadadi fez hoje história ao conquistar para a equipa de refugiados a primeira medalha da história em Jogos Paralímpicos, com o bronze na categoria de -47 kg do taekwondo.

REUTERS/Maja Smiejkowska

"Foi um momento surreal, o meu coração disparou quando percebi que havia ganhado o bronze. Passei por muita coisa para chegar aqui. Esta medalha é para todas as mulheres do Afeganistão e todos os refugiados do mundo. Espero que um dia haja paz no meu país", disse, com a voz embargada pela emoção.

No Grand Palais de Paris, Zakia derrotou a turca Ekinci Nurcihan: no fim do combate, explodiu de alegria e atirou ao ar o capacete e a proteção bocal.

Khudadadi, que nasceu sem um antebraço, começou a praticar taekwondo em segredo, aos 11 anos, num ginásio escondido na sua cidade natal, Herat, no oeste do Afeganistão.

Com a ascensão do regime Talibã ao poder, em 2021, com políticas de forte repressão dos direitos das mulheres, incluindo o de praticar desporto, foi impedida de competir, contudo, acabaria por ser evacuada para França e agora foi autorizada a competir, após apelos da comunidade internacional.

"A Zakia tem sido mágica. Não sei como dizer isso de outra forma. O processo de treino tem sido desafiador. Ela enfrentou muitas lesões e teve que aprender muito em alguns anos, mas nunca perdeu de vista seu objetivo", elogiou o treinador, o gaulês Haby Niare, que orienta a sua pupila no instituto nacional do desporto francês.

Khudadadi recebeu a medalha das mãos do Alto Comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, e do presidente do Comité Paraolímpico Internacional, Andrew Parsons.

"Para a Equipe Paraolímpica de Refugiados, é muito especial, é muito importante. Zakia acabou de mostrar ao mundo o quão boa é. É uma jornada incrível, é algo que todos devemos aprender", elogiou Parsons.

Paris2024 ficou para a história também nos Jogos Olímpicos, pois a primeira medalha para a equipa de refugiados foi conquistada também nesta edição, pela pugilista camaronesa Cindy Ngamba a ser igualmente bronze na categoria 75 kg.

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