Adeus à vista. Eduardo dos Santos confirma que não é candidato
Chefe de Estado angolano deixa o cargo ao fim de 38 anos no poder. Ministro da Defesa, João Lourenço, avança é o cabeça-de-lista do MPLA para as eleições gerais de Agosto
O presidente do MPLA e chefe de estado angolano, José Eduardo dos Santos, anunciou esta sexta-feira que não será recandidato ao cargo nas eleições gerais deste ano, deixando assim o poder em Angola ao fim de 38 anos, avançando João Lourenço.
José Eduardo dos Santos transmitiu a decisão no discurso de abertura da reunião do Comité Central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que está a decorrer esta sexta-feira em Luanda, com a aprovação da lista de candidatos do partido a deputados nas eleições gerais de Agosto em agenda.
José Eduardo dos Santos anunciou - o que aconteceu pela primeira vez publicamente - que a 2 de Dezembro, também em reunião do Comité Central, foi aprovado o nome do vice-presidente do partido e ministro da Defesa, João Lourenço, para cabeça-de-lista do MPLA às próximas eleições gerais, e candidato a presidente da República, e do ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa, como número dois, concorrendo a vice-presidente.
José Eduardo dos Santos, reeleito presidente do partido em 2016, completa em Agosto próximo 75 anos, tendo anunciado em Março último que pretendia abandonar a vida política. "Em 2012, em eleições gerais, fui eleito Presidente da República e empossado para cumprir um mandato que nos termos da Constituição da República termina em 2017. Assim, eu tomei a decisão de deixar a vida política activa em 2018", anunciou José Eduardo dos Santos, depois de passar em revista o seu percurso no MPLA e na liderança de Angola.
Entre outros momentos, recordou que integrou o movimento anticolonial em 1960, aos 18 anos, e que em 1974 foi eleito membro da direcção do MPLA.
José Eduardo dos Santos é presidente de Angola desde Setembro de 1979, cargo que assumiu após a morte de Agostinho Neto, o primeiro presidente angolano.
A Constituição angolana aprovada em 2010 prevê a realização de eleições gerais a cada cinco anos, elegendo 130 deputados pelo círculo nacional e mais cinco deputados pelos círculos eleitorais de cada uma das 18 províncias do país (total de 90). O cabeça-de-lista pelo círculo nacional do partido ou coligação de partidos mais votado é automaticamente eleito presidente e chefe do executivo, conforme define a Constituição, moldes em que já decorreram as eleições de 2012.
Nesse último acto eleitoral, segundo dados da Comissão Nacional Eleitoral, o MPLA garantiu uma votação total de 71,84%, elegendo nos dois círculos 175 deputados, enquanto a UNITA conquistou 18,66% dos votos e 32 deputados.
A então estreante coligação CASA-CE chegou aos 6,00% e oito deputados e o PRS aos 1,70% dos votos e três deputados.
A histórica FNLA, um dos três movimentos de libertação do período colonial, juntamente com o MPLA e a UNITA, conquistou apenas 1,13% dos votos, elegendo os restantes dois deputados.
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