Secções
Entrar

Activistas angolanos libertados com gritos de "liberdade"

29 de junho de 2016 às 18:03

A saída do hospital-prisão foi acompanhada pelos três advogados de defesa dos 17 activistas, autores do habeas corpus pedindo a libertação por prisão ilegal, a que o Supremo Tribunal de Angola deu agora provimento

Foi com gritos de "liberdade" e abraços de família e amigos que os activistas angolanos condenados em Março abandonaram o Hospital-Prisão de São Paulo, em Luanda, cerca das 16h50 desta quarta-feira.

Neste estabelecimento prisional estavam 12 activistas, enquanto os outros 4 estavam distribuídos pelas cadeias de Viana e de Caquila – a previsão é que fossem libertados durante esta quarta-feira também.

Segundo relato da Lusa, a saída do hospital-prisão foi acompanhada pelos três advogados de defesa, Miguel Francisco "Michel", David Mendes e Luís Nascimento, autores do habeas corpus pedindo a libertação por prisão ilegal, a que o Supremo Tribunal de Angola deu agora provimento.

O rapper luso-angolano Luaty Beirão foi um dos que abandonou a prisão esta tarde. O activista recusou prestar declarações aos jornalistas, mas admitiu estar feliz com a decisão.

Já o activista Nito Alves vai permanecer na cadeia até Agosto por estar a cumprir uma outra pena, não abrangida pelo habeas corpus, por ofensas ao tribunal durante o julgamento.

Aquando da condenação pela 14ª Secção do Tribunal Provincial de Luanda, no Benfica, a penas de prisão entre os dois anos e três meses e os oito anos e meio, duas jovens estavam em liberdade, outros dois estavam na cadeia e os restantes em prisão domiciliária.

 

A 28 de Março, logo após a leitura da sentença, começaram todos a cumprir pena por decisão do tribunal, apesar dos recursos interpostos pelos advogados de defesa para o Supremo e para o Constitucional, o que logo a 1 de Abril motivou a apresentação do habeas corpus, agora decidido e comunicado à defesa dos jovens, críticos do regime liderado por José Eduardo dos Santos.

 

Fonte dos Serviços Penitenciários revelou à Lusa que as restrições dos 17 jovens serão sobre a saída do país e terão ainda obrigatoriedade de apresentações mensais ao tribunal da primeira instância, ficando em situação de liberdade provisória sob termo de identidade e residência.

 

A maior parte dos 17 jovens activistas foram detidos a 20 de Junho de 2015 numa operação da polícia em Luanda e acabaram condenados a penas de prisão efectiva por actos preparatórios para uma rebelião e associação de malfeitores.

 

Começaram de imediato a cumprir pena, apesar dos recursos interpostos no mesmo dia pela defesa.

 

O rapper luso-angolano Luaty Beirão foi condenado neste processo a uma pena total de cinco anos e meio de cadeia, enquanto o professor universitário Domingos da Cruz, autor do livro que o grupo utilizava nas suas reuniões semanais para discutir política, viu o tribunal aplicar-lhe uma condenação de oito anos e meio, por também ser o suposto líder "da associação de malfeitores".

 

Em Março, na última sessão do julgamento, o Ministério Público deixou cair a acusação de actos preparatórios para um atentado ao Presidente e outros governantes, apresentando uma nova, de associação de malfeitores, sobre a qual os activistas não chegaram a apresentar defesa, um dos argumentos dos recursos.

 

Os activistas garantiram em tribunal que defendiam acções pacíficas e que faziam uso dos direitos constitucionais de reunião e de associação.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela