Secções
Entrar

37 pessoas acusadas de participar em motim em Hong Kong

11 de fevereiro de 2016 às 10:43

Elementos de movimentos estudantis. No dia 8 de Fevereiro houve distúrbios com a polícia que provocaram 130 feridos

Trinta e sete pessoas foram hoje presentes a tribunal em Hong Kong e acusadas individualmente de participação em motim, em conexão com os distúrbios registados na noite de segunda-feira, informa a imprensa local.

Um adolescente de 15 anos que enfrenta a mesma acusação deverá ser presente a um tribunal juvenil, segundo a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

Entre os acusados está o porta-voz do grupo Hong Kong Indigenous, Edward Leung - apontado como candidato às eleições deste ano para o Conselho Legislativo (LegCo) - e Stephen Ku Bok-him, da revista dos alunos da Universidade de Hong Kong Undergrad.

Derek Lam, um membro do movimento estudantil Scholarism - que esteve envolvido nos protestos pró-democracia em 2014 - integra também o grupo de acusados.

A acusação requereu o adiamento dos casos para 7 de Abril para dar continuidade à investigação da polícia.

O crime de que são acusados é punível com uma sentença de até 10 anos de prisão.

Até quarta-feira, foram detidas 64 pessoas em conexão com os incidentes ocorridos na noite de segunda-feira na zona de Mong Kok. Destes, foram acusados 35 homens e três mulheres com idades entre 15 e 70 anos.

Os distúrbios, que escalaram de um protesto contra uma tentativa da polícia para dispersar vendedores ambulantes de comida, resultaram em 130 feridos, a maioria polícias, refere a RTHK. Seis pessoas continuavam na manhã de hoje (madrugada em Lisboa) internadas no hospital.

O grupo Scholarism disse em comunicado que Derek Lam esteve apenas quatro horas em Mong Kok na noite de segunda-feira e que não participou nos confrontos violentos nem atacou os polícias.

Segundo o Scholarism, agentes tentaram revistar a casa de Derek Lam sem um mandado do tribunal e que a revista não chegou a acontecer porque o seu advogado chegou rapidamente ao local.

Em declarações hoje à RTHK, o líder do Scholarism, Joshua Wong, advertiu que Hong Kong pode testemunhar mais incidentes como os motins de Mong Kok, se a abordagem do Governo liderado por Leung Chun-ying, também conhecido por CY Leung, não mudar.

Wong disse que vários partidos políticos e amplos sectores da sociedade condenaram a violência, mas que o Governo deve aceitar a responsabilidade pela divisão social que existe.

Segundo Wong, alguns activistas radicalizaram-se após os protestos pró-democracia de 2014, por considerarem que os movimentos pacíficos não conseguem mudanças.

Também o deputado do Partido Democrático James To disse que prender pessoas não resolve nada e defendeu que é preciso analisar as razões pelas quais tantos jovens desenvolveram um profundo ódio à polícia e às autoridades.

Já o deputado da Liga dos Sociais Democratas Leung Kwok-hung, conhecido por acções radicais dentro e fora do Conselho Legislativo, disse que as pessoas estão fartas de CY Leung, que descreveu como um tirano que não foi eleito pela população.

Por sua vez, o deputado Tam Yiu-Chung, do partido pró-Pequim Aliança Democrática para a Melhoria e Progresso de Hong Kong (DAB, na sigla inglesa), apontou os protestos pró-democracia em 2014 como a razão da radicalização dos manifestantes.

Para Tam Yiu-Chung, estes manifestantes estão cada vez mais arrojados nas suas acções, advertindo que este é um caminho perigoso, desencadeado por não terem sido punidos adequadamente.

A acção da polícia também está sob escrutínio. Um jornalista do jornal em língua chinesaMing Pao disse que foi espancado por agentes quando estava a tirar fotografias a um autocarro, apesar de ter gritado repetidamente que era repórter.

Entretanto, o secretário para as Finanças do Governo de Hong Kong, John Tsang, disse acreditar que a violência foi incitada por um pequeno grupo de pessoas irracionais que queriam atacar a polícia.

Também acrescentou que não é apropriado justificar as acções dos atacantes culpando o Governo de CY Leung com má governação, porque não há desculpas para a violência.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela