Secções
Entrar

Quem é Carloto Cotta, o ator acusado de sequestrar e violar uma mulher?

Gabriela Ângelo 28 de fevereiro de 2025 às 15:56

O Ministério Público acusa o ator de vários crimes. Mulher alega ter sido violada e sequestrada durante mais de 24 horas na residência de Cotta, em Colares.

O ator português Carloto Cotta, de 41 anos, foi acusado pelo Ministério Público de nove crimes: terá violado, sequestrado, agredido, ameaçado e injuriado uma mulher. Em janeiro de 2023, Carloto Cotta e "Maria" (nome fictício) conheceram-se numa livraria do CascaiShopping, revelou o jornal Expresso. Em maio do mesmo ano, o ator terá convidado a mulher para irem dar um passeio a Colares, em Sintra, onde vive. Mais tarde foram para sua casa onde, segundo "Maria", Cotta a violou, a manteve dentro da casa trancada durante mais de 24 horas, ameaçou matá-la e recorreu a violência física.

Cofina Media

À GNR, Carloto Cotta confirmou que a mulher tinha dormido em sua casa, mas que "não encontrou" as suas chaves de casa no momento em que ela pediu para sair. Negou ainda as agressões e à PJ admitiu que tinha havido um "envolvimento sexual", mas que era consentido.

Quem é Carloto Cotta?

Nascido em 1984 em Paris, na França, Carloto Cotta percebeu ainda jovem que queria trabalhar em cinema. Em criança, quando passava os fins de semana com a sua avó em Queluz, passava os tempos livres a ir ao cinema "nos Quatro Caminhos": "Ao princípio ia com a minha avó à sessão das três", quando tinha cinco ou seis anos. Já crescido, "comecei a poder ir sozinho, adorava", disse o ator numa entrevista ao semanário Sol em 2019. 

Aos 15 anos, decidiu escolher "algo virado para as artes plásticas ou para a criação musical". Foi o seu pai que o ajudou a escolher a Escola Profissional de Teatro em Cascais, onde estudou cenografia entre 2000 e 2004. O pai tinha feito "teatro quando era mais novo" e era "muito amigo da malta do Teatro da Comuna" e a avó de Carloto Cotta era coralista no Teatro Nacional de São Carlos. "Andei sempre nos bastidores do teatro e da ópera, era um universo onde me sentia em casa", afirmou na mesma entrevista. Desde jovem que criava música e tinha bandas de punk, e também pintava e escrevia. Viu o teatro "como um espaço onde todas essas coisas que gostava de fazer confluíam". 

Foi numa audição no Teatro Experimental de Cascais (TEC) que descobriu, por acaso, a sua paixão por representação. Não queria decorar textos e recusava-se a ser ator, mas tinha certas aulas do curso de interpretação que se cruzavam com o seu. "Entrei e, de repente, tinha um palco vazio, com uma cadeira, atravesso o palco e, naquele silêncio, realmente houve um momento em que aconteceu qualquer coisa", recordou o ator ao Sol, "foi como se pela primeira vez tivesse sentido o bater do meu coração". 

Protagonizou Diamantino em 2019 no filme com o mesmo nome de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt: foi um futebolista com um corpo perfeito e um sotaque açoriano que adota um refugiado e pensa em cães peludos enquanto marca golos. O filme valeu-lhe um Globo de Ouro de Melhor Ator em Portugal no mesmo ano e foi um sucesso no Festival de Cinema de Cannes.

Entretanto, participou em várias telenovelas, como A Impostora, A Teia ou Prisioneira, e em séries como Glória. É ainda presença frequente em filmes do realizador Miguel Gomes, como As Mil e Uma Noites, Tabu ou Diários de Otsoga

Em 2022 entrou na série espanhola da Netflix, Elite, e interpretou de novo um jogador de futebol, neste caso que não assume a sua sexualidade: "nem bi, nem tri, soy futebolista", diz a sua personagem Cruz numa cena com o ator espanhol Manu Rios, o seu interesse romântico. Numa entrevista à revista Máxima em 2022, o ator revelou: "Não me defino sexualmente, agora sou uma coisa, se calhar daqui a dois anos sou outra, definirem-me por isso é uma palhaçada". 

As acusações do MP

Segundo a informação noticiada pelo Expresso, depois de ter sido sequestrada, "Maria" conseguiu escapar por uma janela do primeiro andar da vivenda do ator em Sintra, pediu ajuda a dois homens que passavam pela rua e apresentou queixa na GNR no mesmo dia, sendo que não admitiu ter sido violada, por estar "fragilizada devido aos recentes acontecimentos". Mais tarde, no Hospital da Amadora, relatou ter sido vítima de "violência sexual". O seu relatório clínico descrevia-a como "agitada" e indica uma nódoa negra na parte de trás da cabeça. 

O Ministério Público considerou que existem provas suficientes para julgar Carloto Cotta por violação, importunação e coação sexual, sequestro, ameaça agravada, injúrias e ofensas à integridade física. A advogada da vítima, Cristina Borges de Pinho, pediu uma indemnização de 43.500 euros por danos não patrimoniais e 1.500 euros por danos patrimoniais, uma vez que a vítima "tem dificuldade em conciliar o sono, tendo tido frequentes insónias e crises de pânico e ansiedade que ainda persistem". 

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela