Morreu Marco Paulo, o maior cantor romântico português
O cantor batalhava contra o quarto cancro. Foi um dos músicos de maior sucesso comercial de Portugal, tendo também sido uma figura mediática controversa.
Morreu o cantor Marco Paulo aos 79 anos, avança aSIC Notícias. Em 1996, Marco Paulo foi diagnosticado com cancro nos testículos e em 2023, começou a luta contra o quarto tumor.
Marco Paulo foi um dos cantores que mais sucesso granjeou em Portugal durante a década de 1980 e 1990 graças a canções que se tornaram sucessos imediatos.
Nascido João Simão da Silva em 1945, começou a cantar ainda criança, frente à escola do irmão mais velho, em troca de rebuçados. Apesar de ser a sua paixão, o desejo de ser cantor não era bem recebido em casa. O pai não queria que o filho fosse artista mas que seguisse uma carreira nos serviços públicos, como ele. Apesar disso, o jovem João Simão escolheu a música, adotando o nome Marco Paulo e tornando-se um dos mais famosos cantores do País.
Ao longo de 50 anos de carreira gravou temas icónicos comoTaras e Manias,Ninguém, ninguém,Eu Tenho Dois Amores,Maravilhoso Coração, entre várias outras. Tendo vendido centenas de milhares de discos ao longo da carreira.
O músico foi diagnosticado com um cancro em 1996, nos testículos. Durante muitos anos especulou-se que o cancro tinha sido no abdómen ou no cólon, mas em 2019, numa biografia, Marco Paulo revelou que foi obrigado a remover o testículo direito devido ao cancro.
Em 2019, o músico foi diagnosticado com cancro na mama. Três anos depois, foi a vez de ser diagnosticado com um cancro no pulmão e, em fevereiro de 2024, no fígado. No entanto no final de agosto os médicos decidiram colocar uma pausa nos tratamentos e na altura o cantor partilhou com o CM que se iriam "seguir novos exames para perceber que caminho podemos seguir".
A semana passada foi publicada uma entrevista que deu à TV7Dias onde partilhou: "Choro porque gosto muito de viver, de estar cá, gosto muito das pessoas e da minha saúde e nunca sei o dia de amanhã. Penso que não queria deixar a minha família, os meus amigos, e quando cá vêm dá-me sempre a ideia que é uma despedida. Penso que é uma despedida (...) as pessoas vão ter muitas saudades minhas e eu vou ter também".
Ainda na edição desta quinta-feira, 24, do CM era avançado que o cantor tinha um "hospital montado em casa" de forma a estar mais confortável, mas mantendo as visitas dos médicos, de um enfermeiro e da sua psicóloga. "Ela tem vindo aqui conversar comigo e isso tem me ajudado bastante", referiu.
Devido ao cancro nos testículos não foi capaz de ter filhos - falou dessa vontade em 2022 -, mas confidenciou que entretanto já tinha nascido o seu afilhado Marco António, o que suavizou a dor. "Isso acabou por me consolar", afirmou. A relação com o afilhado - filho do técnico de som que o acompanhou durante maior parte da carreira - foi uma das que mais valorizou, chegando mesmo a admitir que era a pessoa que mais contribuía para a sua felicidade. Marco António nasceu quando Marco Paulo tinha 46 anos e tornou-se uma figura constante na vida do padrinho. Quando foi internado na sequência do primeiro cancro, a criança ia visitá-lo, inclusive: "Ele estava todas as noites no hospital para me visitar. Ele levava-me uma flor e dizia-me ‘Porque é que tu estás aqui?'".
O jovem chegou a tocar com Marco Paulo, como membro da banda ao vivo. Desde criança que o afilhado viveu com Marco Paulo, tendo-se separado fisicamente apenas quando Marco António foi estudar música no Conservatório de Amesterdão, nos Países Baixos.
Nos últimos anos tinha abraçado um novo desafio, com as gravações do programa semanal Alô Marco Paulo, na SIC, que esteve no ar durante quase três anos e que esteve na origem de algumas polémicas. Foi neste espaço que, de lágrimas nos olhos, anunciou que o ano de 2023 marcaria o fim da sua carreira musical, o programa acabou por ser suspenso em agosto de 2024 devido ao estado de saúde do cantor.
A estação produziu também uma série sobre a vida do músico intitulada Marco Paulo, estreada no início de 2023. Na série são retratados vários momentos da vida do artista, desde a infância até ao primeiro cancro.
Ao longo de uma carreira de mais de cinco décadas, o cantor conquistou mais de 140 discos platina, ouro e prata e vendeu mais de cinco milhões de discos. Em 2022, o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa condecorou o músico com o grau de comendador da Ordem Infante D. Henrique.
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