Por uma União Europeia federal (32)
Os acontecimentos recentes no nosso País trazem-me à memória duas frases batidas: "Foi para isto que fizemos o 25 de Abril?" e "Não foi para isto que fizemos o 25 de Abril!".
Os acontecimentos recentes no nosso País trazem-me à memória duas frases batidas: "Foi para isto que fizemos o 25 de Abril?" e "Não foi para isto que fizemos o 25 de Abril!".
Não é correcto afirmar que o "25 de Abril" pertence à Esquerda porque gente de Direita participou activamente nesse golpe militar. Já no que respeita ao "Primeiro 1º de Maio", aí a conversa é outra, mas é curioso notar que, logo nesse dia 1 de maio de 1974, se começaram a manifestar, de forma muito intensa, as profundas divisões entre as esquerdas, que se perpetuam até hoje e que o acordo da geringonça não eliminou.
Olhem para os exemplos que nos chegam da Hungria, da Polónia e também dos Estados dos EUA que são dirigidos por Republicanos. O que me leva a perguntar: mas que diabo anda a fazer a esquerda à esquerda do PS? Será que continuam a achar que promover ou apoiar manifestações de rua e ser "partidos de protesto" é e vai ser suficiente? Pobres de nós.
Confesso que não é fácil oferecer a outra face a quem nos agride e amar aqueles que nos insultam e escarnecem - e, no final, até matam, usando para tanto um meio tão horrivelmente doloroso como é a crucificação. Eu não o consigo fazer e essa foi uma das razões pelas quais deixei de ser católico.
Além de inútil e até patético, o acto de emitir um mandato de captura contra Vladimir Putin, constitui um quebrar de pontes diplomáticas de que nada de bom resultará.
Com a actual estrutura de defesa assente fundamentalmente na NATO, os vários exércitos nacionais dos países europeus, mesmo daqueles com maior poder bélico e humano, não podem, de forma alguma equiparar-se às forças armadas dos EUA.
Nunca como hoje os países europeus e a União Europeia se mostraram tão irrelevantes no que respeita à definição do que se passa no Mundo.
É para mim verdadeiramente vergonhoso que os países ocidentais em geral e os Estados Membros da União Europeia em particular tenham uma tão fraca memória quanto ao que a coligação russo-turca, que apoia e sustenta o governo sírio (outra ditadura sanguinária), sob pretexto de combater o DAESH/ISIS, fez aos curdos que vivem na Síria.
É muito mais fácil aos regimes ditatoriais e, em geral, aos regimes em que os anseios e as preocupações das populações não são atendidos, embarcar em aventuras militares como invasões ou desconsiderar o combate a pandemias.
Acontece, porém, que, ao contrário dos amantes da guerra (warmongers), eu quero a paz, sendo que, todavia, não quero a paz dos cemitérios ou a da cedência aos desígnios e aos interesses dos intolerantes, dos prepotentes, dos especuladores e dos fautores da guerra.
Muito gostaria eu, que sou assumidamente uma pessoa de esquerda (de uma das várias esquerdas), que todas as pessoas de esquerda, ao agir (e a pensar) tivessem sempre presente esse valor ético corporizado nessa palavra em língua inglesa - decency. Mas isso está bem longe de constituir uma prática habitual e quotidiana.
O risco de eclosão de uma Terceira Guerra Mundial é cada vez maior e isso está a acontecer porque todos nós, por todo o Planeta (...) estamos imersos numa campanha de desinformação tão bem orquestrada como eu nunca vi.
Como se os níveis de dureza e de crueldade desta guerra não se encontrassem já em patamares tão elevados e tão dolorosos. E tão eticamente inaceitáveis.
A solução não pode ser o contínuo escalar dessa guerra, na qual se corre cada vez mais o risco de serem utilizadas armas nucleares, ainda que só as ditas "tácticas".
Não é que a corrupção não seja um cancro que mina as energias do país. É mesmo. E tem de ser combatida. Mas com actos e não com propaganda.
Subjacente a esse meu esforço está a ideia de que só uma estrutura de Estado Federal permitirá aos cidadãos e cidadãs dos Estados Membros controlar/limitar a burocracia imobilista (e, em última análise, suicidária) que governa a União.