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Rede organizada terá extorquido mais de 30 vítimas através de meio informático

Grupo falsificava contas de redes sociais e convencia mulheres a enviarem conteúdo íntimo para depois as extorquir.

Uma rede “bastante organizada”, que operava maioritariamente a partir da zona da Grande Lisboa, terá extorquido, através de meio informático, acima de meio milhão de euros a mais de 30 vítimas, essencialmente homens, revelou esta terça-feira a PJ.

Vítimas de extorsão aumentam por meio informático
Vítimas de extorsão aumentam por meio informático

“Estamos a falar de uma rede bastante organizada, que se dedicava à extorsão, através do meio informático. Falsificavam contas do ‘Facebook’ e também do ‘WhatsApp’, e interagiam, com a falsidade presente, com potenciais vítimas”, destacou o diretor da Polícia Judiciária (PJ) do Centro, Avelino Lima.

A PJ deteve hoje sete pessoas, com idades compreendidas entre os 20 e 46 anos, em vários pontos do país, por serem suspeitas da prática de crimes de extorsão agravada e branqueamento de capitais.

Em conferência de imprensa, que decorreu hoje à tarde em Coimbra, o diretor da PJ do Centro explicou que as “vítimas incautas” acreditavam que estavam numa interação legítima, com uma pessoa identificada e acabavam por expor-se, partilhando imagens de cariz íntimo e de foro sexual.

“A partir daí, rapidamente tudo era cessado e avançava-se para a extorsão muito agravada pelos valores, pela atuação em bando e, efetivamente, lesaram cidadãos nacionais em valores bastante elevados”, acrescentou.

Segundo Avelino Lima, nos autos da PJ terão sido identificados valores acima de meio milhão de euros.

“Inicialmente pediam um valor para medir também aquilo que é capacidade da vítima e depois, acreditando a vítima que ficou resolvido o problema, o que não ficou de forma alguma, vão crescendo os valores. Posso dizer que uma das vítimas tem um valor muito próximo dos 200 mil euros”, descreveu.

O grupo organizado, constituído por cinco homens e duas mulheres, são todos oriundos de uma nação pertencente aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), operando em Portugal e fazendo “uso de números [de telemóvel] com o indicativo desse país”.

“O grupo conhecia-se, havia até entre alguns membros relações de familiaridade e, efetivamente, aproveitaram os proventos financeiros para os diluir pelo sistema financeiro e, assim, também cometeram, na nossa perspetiva e do Ministério Público, o crime de branqueamento de capitais, por o qual também estão indiciados”, sustentou.

De acordo com Avelino Lima, ao todo já estão identificadas mais de 30 vítimas, essencialmente homens, todos maiores de idade.

No entanto, a PJ acredita que este número possa vir a crescer, admitindo ainda a possibilidade de o número de elementos da rede também vir a aumentar.

“Estamos a falar de um grupo de autores que vivia exclusivamente disto. Isto é uma atividade criminosa bastante lucrativa, porque os recursos necessários é o que sabemos e, efetivamente, os proventos são muito altos: é uma criminalidade de difusão em massa de busca de potenciais vítimas”, indicou.

Aos jornalistas, disse ainda que “não raras vezes” as vítimas pensavam que estavam “a falar com mulheres esbeltas e muito interessantes, na perspetiva daquilo que é a relação social e a perspetiva das relações entre homens e mulheres”.

“Muitas vezes não estão sequer em contacto com nenhuma mulher, estão em contacto com o conteúdo digital. Ou seja, é uma realidade realmente que transcende muito o conhecimento que a maior parte das pessoas tem e são essas pessoas que acabam por ser as grandes vítimas”, alertou.

A operação policial, que levou à detenção de cinco homens e duas mulheres, foi realizada hoje em Albufeira, Almada, Aveiro, Moita, Montijo, Setúbal e Sintra, sendo executadas 14 buscas domiciliárias e não domiciliárias.

A investigação teve início em fevereiro, com a primeira denúncia deste grupo a ocorrer em Coimbra.

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