O Parque Natural nos seus muitos quilómetros de costa, na sua biodiversidade única, riquíssima em flora e fauna, juntamente com as imensas falésias, rios e um oceano a perder de vista, fruto da interação equilibrada entre as diferentes formas de vida, é belo.
Em 1949 Aldo Leopold escrevia as seguintes palavras: "Uma coisa é certa quando tende a preservar a integridade, a estabilidade e a beleza da comunidade biótica. É errada quando tende ao contrário". A história do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e da Costa Vicentina, em particular a dos recentes anos, é prova exemplar da reivindicação de Leopold. Efetivamente, o Parque Natural nos seus muitos quilómetros de costa, na sua biodiversidade única, riquíssima em flora e fauna, juntamente com as imensas falésias, rios e um oceano a perder de vista, fruto da interação equilibrada entre as diferentes formas de vida, é belo. Tal beleza transmite-nos uma sensação de justiça. Os seres que lá habitam, na sua cor e figura, foram moldados pelo equilíbrio milenar do meio. No Parque, os pinheiros-bravos, as urzes, os sobreiros e medronheiros deslumbram o olhar dos habitantes locais e dos turistas, que se deslocam de todos os cantos do mundo para os contemplar. Não apenas durante a época balnear, mas durante todo o ano. Em especial no outono, onde as paisagens são um local de especial encanto, coincidente com a época migratória e se podem observar a nidificação das cegonhas nas falésias marítimas, as gralhas-de-bico-vermelho e as águias pesqueiras nos seus sublimes voos. O povo desloca-se para os admirar e muitos aproveitam para andar de bicicleta, outros para fazer surf. Diferentes pessoas dirigem-se ao Parque Natural simplesmente para pescar nas águas do Atlântico. Pelo menos assim se tem cumprido o costume, mas em breve, infelizmente, deixará de se cumprir. Algumas destas aves encontram-se em perigo de extinção, como é o caso da águia pesqueira. Mas não são apenas as aves que se encontram ameaçadas no Parque. São também os mamíferos, como as lontras, pois este é o único lugar em Portugal e um dos últimos do mundo onde se podem avistar estes animais em habitat marinho. Encontram-se ameaçados por quem? – Perguntará o leitor. E quando surgiu esta ameaça, se, até há tão pouco tempo, o Parque era lugar protegido? Se, legalmente, deve ser protegido?
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