Jorge Sampaio avisa que é preciso inverter "corrida para o abismo"

14.11.2016 11:18 por Alexandra Pedro 56

O antigo chefe de Estado, salientou ainda que as eleições presidenciais americanas são uma montra daquilo que se pode vir a passar nas eleições de 2017 em França e na Alemanha

Foto: David Martins

Jorge Sampaio admitiu que a Europa pode estar numa "corrida para o abismo", pelo resultado das eleições presidenciais americanas e pelo Brexit, e acredita que "reconstruir a confiança" é o próximo desafio.

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"Por mim, considero que a consistente e reiterada manifestação de movimentos populistas, a que estamos a assistir, correspondem a uma nova e inquietante tendência global, que se expressou já no plano europeu nos referendos de 2005, que se consolidou no Brexit e que, no plano nacional, tem dado origem à criação de partidos nacionalistas e a vitória a figuras políticas improváveis", refere o ex-Presidente português num artigo para o Público.

Jorge Sampaio considera que há um descrédito em relação às soluções de Bruxelas para os principais problemas da Europa: a "crise da eurozona", "problemas relacionados com a segurança: o controlo de fronteiras e as migrações", e, ainda, "as deficiências da moeda única" - "há um conflito entre países em torno do cumprimento do Tratado Orçamental, do reforço da união bancária e da definição de elementos de união política.

O antigo chefe de Estado, salientou ainda que as eleições presidenciais americanas são uma montra daquilo que se pode vir a passar nas eleições de 2017 em França e na Alemanha. "Olhando para o resultado das eleições presidenciais americanas, creio que há razões tangíveis que reforçam inquietações e pessimismo, pois está claro que todas estas tendências vão no mesmo sentido, reforçando-se negativamente, sendo impossível não olhar já para as eleições de 2017 em França e na Alemanha como próximas etapas prováveis desta corrida para o abismo", alertou.

Jorge Sampaio lembrou que "reconstruir a confiança" constitui "um desafio grande, moroso, complexo, mas incontornável". "Não há economia nem mercado nem política nem democracia sem esse cimento de base, a confiança. Não há paz duradoura se a desconfiança minar as relações entre comunidades, povos e nações, se o pacto social for rompido".