Sábado – Pense por si

CRÓNICA: Concordo com o Raposo: odeiem-me também!

Vítor Matos 02 de março de 2016 às 18:43

Sou alentejano, cresci no Alentejo e li o livro do Henrique Raposo. Concordo com quase tudo. Há partes em que peca por defeito. Eis o meu testemunho. Agora odeiem-me também

Pela capa, sem chaparros, percebe-se logo que não é um livro convencional sobre o Alentejo. Eu percebi logo que era sobre o meu Alentejo, o do litoral. O Alentejo dos cactos e das dunas, que fazem tão parte de mim como a charneca interior onde o meu avô paterno tinha as ovelhas, a pastagem e a propriedade arrendada, que tinha sido do pai dele. Um alentejano de Serpa ou Moura ou Beja não é do mesmo Alentejo das praias e da serra, onde cresci e onde vivi até aos 19 anos. Esse é outro Alentejo, que conheço menos bem, e sobre o qual não vou emitir opiniões definitivas. Sou de Grândola, terra que dizem da fraternidade, coisa que sempre me fez rir. O facto de amar a minha terra e adorar os meus amigos, permitam-me, não faz de Grândola a "terra da fraternidade", mas esse é outro tema, outra guerra, que tem a ver com a história da canção e do Zeca Afonso na Vila Morena. Mas isso sou eu e a minha circunstância, e este texto é sobre o vilipendiado, polémico e odiado-antes-de-ser-lançado livro do Henrique Raposo, "Alentejo Prometido".

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