A captura do poder político pelo poder económico - sabotando a defesa do interesse público e beneficiando negócios privados - costuma ser realizada através de processos mais sofisticados: os governantes que vão trabalhar para empresas que operam em sectores económicos que os próprios tutelaram, ou com as quais firmaram contratos de concessão a longo prazo; os deputados que acumulam a actividade parlamentar com outras actividades profissionais, nomeadamente a consultoria a empresas que obtêm contratos por ajuste directo de entidades públicas; ou os sinuosos fluxos interbancários e através de vários "offshores", ao longo de uma década, dezenas de milhões de euros com origem em grandes empresas e destino na conta de um amigo do ex-governante que, em última análise, usufrui desse mesmo dinheiro, sob a forma de empréstimos, transportado em malas e envelopes porque o sistema bancário não é de todo confiável.

Crónica: A captura do secretário de Estado

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