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Um corpo de mulher para vender vitela? Movimento de Mulheres faz queixa

16 de julho de 2019 às 09:51

Movimento Democrático de Mulheres diz-se farto de ver o corpo da mulher a servir, "subliminar ou explicitamente, para vender todo o tipo de produtos". Empresa retirou cartazes.

O Movimento Democrático de Mulheres queixou-se à Comissão para a Igualdade de Género por causa da publicidade de uma empresa do norte do país que promove a venda decarnede vitela usando uma imagem de uma mulher.

No texto da queixa, a que a Lusa teve acesso, o Movimento Democrático de Mulheres (MDM) diz-se farto de ver o corpo da mulher a servir, "subliminar ou explicitamente, para vender todo o tipo de produtos, num mercado que tem interesse em vender e que sabe que assim assegura melhor esse objetivo".

A publicidade em causa é do Grupo Carnes Sá da Bandeira, deVila Nova de Gaia, que anuncia a venda de carne de vitela branca para assar e de coxas de frango, associando-a à imagem de uma mulher em biquíni na praia. O grupo já veio, entretanto, pedir desculpa pelo "mal-entendido".

"Dirão alguns que 'o mal está nos olhos de quem o vê'. Outros, talvez, que as imagens não estarão associadas ao produto, mas sim à estação do ano", escreve o MDM no texto da queixa, sublinhando: "É tempo de dizer que as mulheres não são mercadoria, não são produtos vendáveis, nem podem os seus corpos ser usados como tal".

O MDM diz que a prática é "vexatória (...) e ajuda a manter estereótipos de género, a disseminar e a naturalizar o desrespeito pelas mulheres enquanto seres humanos, desrespeito esse que incita à submissão, o escárnio e à própria violência contra as mulheres".

"Este tipo de publicidade viola claramente o Código da Publicidade, que no seu Artigo 7.º (Princípio da licitude) proíbe a publicidade que, pela sua forma, objeto ou fim, ofenda os valores, princípios e instituições fundamentais constitucionalmente consagrados, bem como proíbe publicidade que atente contra a dignidade da pessoa humana e contenha qualquer discriminação em relação à raça, língua, território de origem, religião ou sexo", acrescenta.

Na queixa, o MDM pede a intervenção da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género junto das entidades competentes para a fiscalização e instrução de processos de contraordenação para que a publicidade em causa seja retirada e se apurem todas as responsabilidades e consequências.

Na sua página na rede social Facebook, a Carnes Sá da Bandeira publicou na segunda-feira um comunicado relativo ao que considerou ser um "mal-entendido", afirmando que, "à semelhança do ano anterior, foram elaborados cartazes alusivos ao verão cuja associação de imagens levou a interpretações que de modo algum ocorreu à empresa".

Pedindo desculpa pelo sucedido, a empresa adianta ter retirado os cartazes.


"Tendo como máxima que 'a nossa liberdade acaba quando começa a liberdade do outro', procedemos de imediato à remoção dos mesmos. Pedimos desculpa pelo sucedido, em momento algum tivemos intenção de ofender quem quer que fosse e de futuro tomaremos isto em atenção nas próximas campanhas publicitárias", afirma.

A Carnes Sá da Bandeira sublinha ainda estar no mercado há 30 anos "com respeito, consideração, deferência e muito apreço por todos os seus clientes, fornecedores e pessoas em geral".

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