Secções
Entrar

Treze anos de prisão para filho que matou mãe de 94 anos em Aveiro

24 de abril de 2020 às 15:58

O arguido vai manter-se em prisão preventiva até se esgotarem todas as possibilidades de recurso.

O Tribunal de Aveiro condenou hoje a 13 anos de prisão um homem acusado de ter asfixiado até à morte a mãe de 94 anos, na residência onde ambos viviam, naquele concelho.

Durante a leitura do acórdão, a juíza presidente disse que o Tribunal deu como provados todos os factos que constavam do despacho de pronuncia.

"Esta não foi uma morte acidental, nem natural. Foi provocada por outra pessoa", disse a juíza, adiantando que as provas periciais não deixaram dúvidas.

Como o próprio arguido admitiu durante o julgamento que só estavam em casa duas pessoas, o tribunal concluiu que só pode ter sido este a matar a mãe, apesar de "desconhecer a forma concreta como foi executada esta agressão".

A ausência de antecedentes criminais do arguido e o testemunho de vizinhos e amigos, dando conta de que foi "sempre dedicado aos pais", levou o coletivo de juízes a puni-lo com uma pena "muito pouco acima do mínimo da moldura penal" prevista para o crime de homicídio qualificado.

O arguido, que assistiu à leitura do acórdão por videoconferência, vai manter-se em prisão preventiva até se esgotarem todas as possibilidades de recurso.

À saída da sala de audiências, o advogado do arguido, Antero Almeida, disse que vai recorrer da decisão, por entender que o seu cliente deveria ser condenado por um crime de homicídio privilegiado e não por homicídio qualificado.

Durante o julgamento, o arguido negou o crime ocorrido na madrugada de 24 de junho de 2018, na casa onde a idosa vivia com o filho, de quem dependia em absoluto, na Costa do Valado, em Aveiro.

Perante o coletivo de juízes, o arguido contou que acordou a meio da noite com um barulho e encontrou a mãe caída no chão junto da cama, tendo-a levantado e tratado uns ferimentos que ela tinha na perna.

Em seguida, sentou a mãe numa cadeira de rodas e levou-a para junto da lareira, onde permaneceram os dois até cerca das 07:00, altura em que ligou a uma vizinha enfermeira que lhe disse para ligar para o Instituto Nacional de Emergência Médica.

Segundo a acusação do Ministério Público (MP), o arguido asfixiou a mãe por meio não concretamente apurado, mas tendo para o efeito exercido pressão na região do pescoço da mesma impedindo-a de respirar.

O MP diz que a colocação da vítima na cadeira foi uma tentativa do arguido em criar uma aparência de morte natural.

O arguido só veio a ser detido em dezembro de 2018, após ser conhecido o relatório da autópsia que concluiu que a causa da morte foi "asfixia mecânica por compressão do pescoço".

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela