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Quem foi que Cabrita acusou de pressionar uma investigação judicial?

Alexandre R. Malhado 28 de agosto de 2021 às 21:17

O ministro da Administração Interna disse este sábado que nunca pressionou uma investigação judicial, "ao contrário de outros". À direita acha-se que é "grande boca" a Costa, mas Cabrita garante à SÁBADO que o alvo é outro.

"Ao contrário de outros, nunca pressionei uma investigação judicial." A frase foi proferida pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, sobre o caso do acidente na A6 — e foi um dos momentos mais marcantes do primeiro dia do 23.º congresso do PS. O início da frase levanta dúvidas: afinal, quem são os "outros" que o governante acusa de interferência judicial?

ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Várias figuras pública acreditam que é "uma grande boca a António Costa", como afirmou o deputado do PSD Duarte Marques — contudo, Cabrita garante àSÁBADOque isso "obviamente não faz nenhum sentido". "Talvez deva olhar para figuras políticas de direita que me exigiam celeridade na investigação", concretiza.

Do PSD ao Chega, passando pelo CDS, a direita portuguesa tem sido especialmente crítica. Um exemplo é o líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos. No final de junho, o centrista considerou "muito estranho que ainda não existam conclusões da investigação", acusando o inquérito judicial de estar na "obscuridade e confusão". Ainda esta sexta-feira, voltou à carga: "[Cabrita] deixa pairar no ar uma suspeita de encobrimento sobre o que se passou, de mentira", acrescenta.

Uma coisa é certa: o alvo não foi Costa, que até elogiou o trabalho de Cabrita no seu discurso da reunião magna. O primeiro-ministro aplaudiu o trabalho do MAI, nomeadamente a segurança, que afirmou ser "um orgulhoso", acrescentando a reforma da floresta e o reforço da Proteção Civil à elogiosa lista. No mesmo dia, Cabrita defende-se na mesma linha: "Os portugueses devem orgulhar-se de ter um país que é uma referência de segurança a nível europeu e mundial."

A associação do primeiro-ministro à interferência política em casos judiciais remonta ao tempo do processo Casa Pia. Numa escuta de dia 21 de maio de 2003, Costa foi esteve a falar ao telefone com Paulo Pedroso. O objetivo? Formas de impedir a detenção de Paulo Pedroso. "Já fiz o contacto… Disse que ia falar imediatamente com o Procurador do processo, portanto, o Guerra. O receio que tem é que a coisa já tenha… já esteja na mão do juiz visto que é o juiz que tem de se dirigir à Assembleia. Pá, talvez o teu irmão seja altura de procurar o Guerra", disse Costa, segundo a escuta. "O Procurador-Geral falou com o magistrado do Ministério Público… porque lá o dito Guerra está lá com ele e disse-lhe: 'Eh pá! O problema é que isso já está nas mãos do juiz…'", concluiu.

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