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PS e JPP propõem solução conjunta de governo na Madeira

Lusa 27 de maio de 2024 às 21:05

O compromisso alcançado hoje entre os dois partidos envolve também "não viabilizar qualquer solução governativa apresentada pelo PSD".

O PS e o JPP vão apresentar ao representante da República na Madeira "uma solução de governo conjunta" no arquipélago, anunciaram esta segunda-feira as estruturas regionais dos partidos, que somam 20 deputados, aquém dos 24 necessários para a maioria absoluta.

HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

Numa conferência de imprensa conjunta no Funchal, sem direito a perguntas dos jornalistas, o líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, anunciou que o compromisso alcançado hoje com o JPP envolve também "não viabilizar qualquer solução governativa apresentada pelo PSD".

Os dois partidos decidiram formalizar uma declaração de princípios para dialogar com os partidos eleitos no domingo, à exceção do PSD e do Chega, "de modo a construir um apoio parlamentar mais robusto", salientou o socialista.

Paulo Cafôfo e Élvio Sousa apelaram à responsabilidade das restantes forças políticas, defendendo que esta é uma oportunidade de tirar o poder ao PSD, que governa a região há 48 anos.

Neste âmbito, PS e JPP, que foram, respetivamente, o segundo e o terceiro partidos mais votados, e em conjunto têm 20 deputados (11 do PS e nove do JPP), apelaram ao apoio de outras forças políticas, nomeadamente de CDS-PP, IL e PAN (que têm no total quatro mandatos), para conseguirem "apresentar uma solução de governo conjunto ao senhor representante da República para a Região Autónoma da Madeira, que permita nomear um Governo Regional", com um modelo de estabilidade.

O parlamento madeirense é constituído por 47 deputados, pelo que a formação de uma maioria requer 24 eleitos.

O líder do PS/Madeira adiantou que o novo Governo Regional que propõem terá "um programa que responda aos problemas, aos anseios e às necessidades dos madeirenses e dos porto-santenses", sustentando que "48 anos de poder ininterrupto do PSD fazem deste um partido esgotado e sem respostas", que teve "o pior resultado de sempre" e não consegue formar uma maioria.

"Precisamos de alternância partidária, essencial para que tenhamos uma democracia saudável. Estamos perante a oportunidade de vermos governar uma outra solução para a Madeira", reforçou o socialista, apelando à responsabilidade de todos os partidos.

Defendendo "um novo ciclo de desenvolvimento", o PS e o JPP apontaram com princípios de um possível governo a solidariedade e o progresso social, combate à corrupção, acesso pleno à saúde, dinamização da economia, qualificação, inovação, cultura e sustentabilidade ambiental.

O secretário-geral do JPP, Élvio Sousa, reforçou as palavras de Paulo Cafôfo e sublinhou que o entendimento é uma assunção da responsabilidade de que estão "preparados para governar".

"Com quase meio século de hegemonia do PSD, este é o momento, esta é uma oportunidade única", frisou, fazendo "um apelo de consciência" às outras forças políticas, porque "isto não é apenas um entendimento entre o PS e o JPP, é um entendimento para a população, para a qualidade de vida da população da Madeira".

Élvio Sousa adiantou o cenário de não haver possibilidade de alargar este entendimento: "Se esta solução não vingar, depois logo veremos, mas nós não queremos ficar para a história da Madeira, que isto é um momento histórico, como não tivéssemos essa consciência de fazer esse apelo. Isto pode não resultar, vai cada um para sua casa, mas estamos com a consciência tranquila".

"É isso que estamos aqui a apelar à consciência de todos os partidos que andaram a criticar as políticas do PSD durante este tempo. Estamos a ser responsáveis", reiterou, gracejando que o PS e o JPP não vão casar agora e explicando que a conversa de entendimento pós-eleitoral "só surgiu hoje".

No domingo, o PSD de Miguel Albuquerque (presidente do executivo madeirense desde 2015) voltou a vencer as legislativas regionais e elegeu 19 deputados, afirmando-se disponível para assegurar um "governo de estabilidade", mas o PS considerou haver margem para construir uma alternativa.

Os socialistas, principal força da oposição, mantiveram os 11 assentos parlamentares do mandato anterior e o JPP, terceira força política na região, aumentou a sua bancada de cinco para nove elementos.

O Chega elegeu quatro deputados, o CDS-PP dois e a IL e o PAN um deputado cada.

A direita -- PSD, Chega, CDS e IL -- consegue somar 26 lugares, a que se poderia juntar ainda o do PAN, mas os partidos declararam ter reservas sobre entendimentos com os sociais-democratas.

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