09 jul 2025
09 de julho de 2025 às 14:59
Sócrates desmente ter estado em casa de Ricardo Salgado até à 01h, desmentindo o motorista. "Estive noutra casa"
A sessão da tarde arrancou pelas 14h30, com o MP a pedir a audição de uma escuta entre José Sócrates e José Maria Ricciardi, a 28 de dezembro de 2011. "Queria muito que soubessem que pensei em vós", refere o antigo primeiro-ministro, endereçando cumprimentos a Ricciardi e Ricardo Salgado.
"Referi-me ao Ricardo Salgado como uma pessoa por quem tinha consideração. Uso o termo 'amigo' de forma coloquial no convívio social. O Ricardo Salgado não é meu amigo e não faz parte do meu círculo social", assegura o arguido. "Desde que saí do Governo em junho de 2011 até novembro de 2013, altura em que lhe decidi falar por ter sido constituído arguido, nunca mais falei com ele", acrescentou.
O MP pede então que seja ouvida uma escuta de novembro de 2013 entre José Sócrates e a sua secretária em que esta informa que tem o número direto de Ricardo Salgado. "Quando eu disse que não tinha o número de Ricardo Salgado queria dizer que não tinha [guardado] na minha agenda."
"Há sempre uma certa tendência.. Eu tenho de esclarecer o que é alterado sem boa-fé", diz Sócrates, explicando que tinha um número de telefone para o diretor-geral do BES que tinha sido dado enquanto o arguido era primeiro-ministro e que não tinha sido, alegadamente, utilizado desde que Sócrates saiu do Governo.
Confirmou depois ter ido uma vez a casa de Ricardo Salgado para entregar o seu livro, sendo depois ouvida uma escuta de João Perna, o motorista de Sócrates à data, relatando ter levado Sócrates a casa de Ricardo Salgado para jantar e que tinha ficado junto da casa do banqueiro entre as 20h e a 01h do dia seguinte.
Desta chamada fica subentendido que Sócrates jantou em casa de Ricardo Salgado, mas o antigo primeiro-ministro desmente. "O João Perna deixou-me em casa do Ricardo Salgado pelas 21h30 e saí às 22h e depois fui para uma outra casa das 22h até à 01h e não me pergunte de quem era a casa porque não vou dizer", criticou José Sócrates. "Portanto, senhor procurador, não estive entre as 21h30 e a 01h em casa de Ricardo Salgado. Estive noutra casa e o pobre João Perna teve de ficar lá à espera", sublinha Sócrates, acusando o MP de montar um vaudeville em torno desta visita que "podia ter sido resolvido se o MP tivesse perguntado".